Sobre « a Missão e as incertezas do mundo contemporâneo», o cardeal patriarca de Lisboa proferiu a primeira conferência do II Congresso Missionário Nacional, a decorrer em Fátima, de 3 a 7 de Setembro
Sobre « a Missão e as incertezas do mundo contemporâneo», o cardeal patriarca de Lisboa proferiu a primeira conferência do II Congresso Missionário Nacional, a decorrer em Fátima, de 3 a 7 de SetembroCom a tarefa de situar a actividade missionária no contexto das incertezas do mundo contemporâneo, José Policarpo afirmou que o problema principal não vem das incertezas, mas das certezas humanas, não enraizadas em Deus. Essas são de ordem cultural, ideológica, religiosa, que competem de igual para igual com as certezas da fé. É neste contexto do mundo globalizado, de expressões espirituais variadas, que se processa o anúncio e a vivência cristã.
Em toda a concretização da missão é a Igreja que abraça o mundo, disse o cardeal patriarca. Quando a coerência cristã se fragiliza, debilita a missão e abre a porta a incertezas no interior da própria Igreja: a perda da consciência do carácter único do cristianismo como caminho de salvação, num quadro mundial de convivência de várias religiões; a fraca consciência da densidade cultural do cristianismo e da sua racionalidade como religião da Palavra; tudo isto pode levar à alteração das motivações da missão, sobretudo quando se trata de a situar na realidade concreta do mundo contemporâneo.
Vivemos hoje num mundo marcado por diversas sabedorias pela complexidade do fenómeno religioso, o hedonismo, a alteração de valores, como no tempo de Paulo, modelo de evangelizador. acrescenta José Policarpo: Todas estas componentes assentam em certezas vulneráveis, precárias, pouco profundas, que se transformam facilmente em incertezas.
O fenómeno religioso contemporâneo é complexo e exprime-se nos quadros legais da liberdade de consciência, de que a liberdade religiosa é uma expressão maior, com o risco de considerar iguais todas as religiões. É importante que os cristãos descubram o carácter único do cristianismo, o que não porá em questão o respeito pelas outras religiões e pelos valores que têm em comum.
Depois de analisar as implicações da relação com algumas das grandes religiões, José Policarpo reflectiu sobre o conceito fácil da felicidade, afirmando que o modelo de vida e de felicidade que as sabedorias profanas veiculam é hedonista, consumista. E acrescenta: Exclui o sentido do sofrimento e relativiza a perenidade da felicidade a construir na fidelidade. a avidez, a ganância, o materialismo, a relativização das escolhas de vida que se fizeram, são consequência dessa perspectiva.
O cardeal patriarca concluiu a sua reflexão sobre a missão no mundo de hoje: Evangelizar é remar contra a corrente. E acrescenta: Não é fácil, porque são hoje muitas as resistências à mensagem. Mas vale a pena. Devemos isso a Jesus Cristo.