Em Quito, Equador, encerra hoje, 17 de agosto 3º Congresso americano Missionário. Mais de 3. 000 congressistas de 33 países levam consigo o fogo missionário que nasceu do convívio e reflexão
Em Quito, Equador, encerra hoje, 17 de agosto 3º Congresso americano Missionário. Mais de 3. 000 congressistas de 33 países levam consigo o fogo missionário que nasceu do convívio e reflexão a missão é o coração da Igreja, afirmou Erwin Krautler, bispo do Xingu, Brasil. Esse coração tem dois movimentos, envio e convocação; envio à periferia do mundo e convocação, a partir dessa periferia, para a libertação do centro. Sob a senha do Reino, propõe um mundo sem periferia e sem centro. Os destinatários privilegiados da missão, segundo Erwin Krautler, são os pobres, os mal empregados e os desempregados, os migrantes, os que morrem antes do tempo por não terem um serviço de saúde que os ampare.
O bispo do Xingu perguntou aos participantes do 3º Congresso americano Missionário e 8º Congresso Latino-americano Missionário (CaM3-COMLa8): Como ser feliz no meio de um mundo sofrido?. Para lembrar em seguida que o optimismo missionário não foge da realidade, do sofrimento e dos pobres, vítimas das cinco grandes crises do nosso planeta terra, que são a crise do modelo económico, a crise social, a crise ecológica, a crise cultural e a crise democrática, explicou.
Para as consequências das cinco crises, Erwin Krautler apontou cinco tarefas a cumprir: Criar ou sustentar um certo bem-estar económico (material) de todos seus cidadãos; promover a coesão e solidariedade social interna; garantir o reconhecimento cultural (étnico, religião, género, faixa etária) do outro, num pacto de tolerância; zelar pela liberdade e participação política de todos num sistema democrático cujo funcionamento não depende do tráfico de influências do grande capital; instalar um sistema jurídico que garanta a aplicação da lei para todos e iniba a corrupção em todas as instâncias, inclusive no próprio aparelho de justiça.
Num tom inflamado e profético, o bispo Erwin Krautler fez uma veemente defesa dos direitos dos pobres e excluídos. Não devemos entrar no jogo de alternativas perversas: democracia com fome e miséria, ou bem-estar material sem participação, sem liberdade política e sem horizonte de sentido, ou prosperidade económica do país com ditadura e fome (o país vai bem, o povo mal), ou prosperidade política e económica para as elites e miséria para o povo, disse arrancando aplausos da multidão.
O bispo do Xingu insistiu que o compromisso da missão é com a universalidade, a unidade na diversidade e a gratuidade. É bom lembrar: Jesus não foi pedreiro. Não construiu muros. Foi carpinteiro, fez portas e janelas, disse ao referir-se à unidade que deve caracterizar a missão. ao contar a parábola do bom samaritano, Jesus propõe derrubar não só o muro étnico entre samaritanos e judeus, entre mestiços impuros e judeus puros, o muro clerical entre sacerdotes e leigos, mas também o muro entre seita marginalizada e religião oficial, entre justos e pecadores, entre discurso e práxis, entre verdade e amor.
Erwin Krautler lembrou, ao concluir, que a Igreja da américa Latina tem diante de si três alternativas: amedrontada, enterrar os muitos talentos que recebeu; inserir-se no sistema capitalista e propor pequenas melhorias ou intervir com sinais de justiça no mundo injusto e lançar as sementes do Reino. a Igreja prometeu não apenas ser advogada dos pobres, mas a sua casa.como casa dos pobres, a Igreja será casa de esperança, concluiu.