“Enviados” são todos os membros do Povo de Deus, afirma antónio Carrilho, bispo do Funchal. Em vista do próximo congresso missionário, escreve sobre o os leigos como actores missão da Igreja
“Enviados” são todos os membros do Povo de Deus, afirma antónio Carrilho, bispo do Funchal. Em vista do próximo congresso missionário, escreve sobre o os leigos como actores missão da IgrejaChegado o momento de partir deste mundo para o Pai, Jesus confiou aos apóstolos e neles a toda a Igreja, a missão de anunciar o Seu Evangelho a toda a gente, sem qualquer limite de tempo ou de lugar: Ide por todo o mundo, anunciai a Boa Nova a toda a criatura (Mc 16,15).
Desde então compete à Igreja, a todo o Povo de Deus, com particular responsabilidade para os apóstolos e seus sucessores, como fundamentos e alicerces da fé, dar continuidade à obra iniciada por Jesus de transformar este mundo dos homens em Reino de Deus! Hoje, como naquele contexto da ascensão de Jesus, todos os membros do Povo de Deus continuam a ouvir a mesma palavra de ordem:Ide por todo o mundo, anunciai a Boa Nova a toda a criatura Quem acreditar e for baptizado será salvo.
Neste nosso tempo, as circunstâncias e as realidades da vida das pessoas são muito diferentes de então, mas a missão é a mesma. Surgiram novas exigências e novos desafios, mas é preciso ir e anunciar o Evangelho, procurando pedagogias e formas adequadas de resposta aos problemas dos homens e mulheres de hoje, para que possam encontrar na mensagem evangélica e na experiência de fé a alegria e a felicidade da própria salvação!
Só o anúncio da Palavra, acompanhado do testemunho de quem sente a sua vida iluminada por dentro, com sentido e horizontes de eternidade – só esse anúncio convencerá, estimulará a abertura franca do coração e favorecerá o acolhimento feliz do Evangelho. Será, então, boa nova interpeladora do encontro pessoal com Cristo Salvador, na comunidade dos crentes, Povo de Deus, a Igreja.
a missão é clara, em qualquer tempo e lugar, hoje e aqui! Enviados são todos os membros do Povo de Deus É urgente que todos o reconheçam e o sintam, que todos assumam os seus compromissos de apóstolos, cada um de acordo com a sua condição eclesial: os ministros ordenados (Bispos, Presbíteros e Diáconos) no serviço da Palavra e dos Sacramentos, nos respectivos ministérios, e os leigos na sua condição de baptizados, cuja vida tem uma especial referência às realidades temporais. São membros da comunidade cristã, chamados a viver a sua fé e a implantar os valores do Reino de Deus na família e na sociedade, nos domínios da cultura, da educação, da saúde, da economia, do amor e da vida! anunciar e denunciar, viver e testemunhar a fé nestes campos, é missão e tarefa própria dos leigos.
Ser apóstolo é exigência do Baptismo e manifestação de compromisso eclesial. Individualmente e em grupo de apostolado organizado: grupos informais, associações, movimentos e obras laicais. Em todos é preciso aliar uma espiritualidade autêntica, tendo até em atenção carismas diferenciados, com a presença cristã activa no meio do mundo, como é próprio da condição laical.
O compromisso no mundo não impede a participação dos leigos na actividade interna da Igreja, nem esta pode justificar, como muitas vezes acontece, a falta de intervenção social, segundo os princípios evangélicos, que a Doutrina Social da Igreja recorda e sintetiza.
Ser leigo na Igreja e no Mundo é testemunhar a vida cristã pessoal e assumir a missão apostólica, em corresponsabilidade eclesial. Por direito próprio, como membro do Povo de Deus, e não por simples conveniência, como forma de suprir ou minorar a falta de sacerdotes.
O que se pede aos leigos, hoje, é participação e corresponsabilidade, colaborando na reflexão, programação e acção pastoral; e dando o testemunho de uma vida de fé assumida, dentro e fora dos espaços especificamente eclesiais.
Os leigos têm o seu lugar próprio, na missão da Igreja. Que se preparem para o assumir e o procurem assumir, seja fácil ou com maior dificuldade. É preciso saborear e testemunhar a alegria da fé num mundo difícil, como é o nosso!
antónio José Cavaco Carrilho, bispo do Funchal e presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família