Cardeal Jean-Claude Hollerich, arcebispo do Luxemburgo

A peregrinação internacional aniversária de agosto ao Santuário de Fátima tem início às 21h30 desta quinta-feira, 12 de agosto. A presidir às cerimónias daquela que é também conhecida como a peregrinação dos emigrantes vai estar Jean-Claude Hollerich, arcebispo de Luxemburgo. Em Fátima, o cardeal jesuíta luxemburguês de 61 anos de idade, admitiu esta tarde estar “preocupado com a política de acolher os refugiados, que sofrem de exploração sexual e laboral”.

Segundo o prelado, a Europa afirma que é preciso ajudar estas pessoas, mas a “realidade é que ninguém dá o passo prático para acolher e para ajudar os refugiados”. “É uma contradição connosco próprios. Os acordos nacionais também não são respeitados. O direito ao exílio não está a ser respeitado. [Os refugiados] estão a enfrentar uma indiferença muito grande da parte da política europeia”.

A região onde vive “recebe quase quotidianamente pessoas que atravessaram o Mediterrâneo, que têm fé na Europa, mas se a Europa não abre as portas, as pessoas vão perder a fé”. “Nós falamos da nossa humanidade, dos valores humanos, mas nós vamos perder esta humanidade se nós não agirmos segundo os verdadeiros valores da nossa humanidade. Ou seja, se não somos verdadeiramente humanos, vamos perder a nossa humanidade”, alertou o prelado.

De acordo com o cardeal, a Igreja Católica no Luxemburgo tem procurado acolher aqueles que fogem da guerra e de outras más condições de vida. “Portugal e Luxemburgo acolhem os emigrantes. São países abertos à emigração”, destacou o responsável no decorrer da conferência de imprensa que antecede o início da peregrinação dos emigrantes.

Além de Jean-Claude Hollerich, também Eugénia Quaresma, diretora na Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM), se dirigiu esta tarde à comunicação social. A responsável deu conta da sua “preocupação com as narrativas” xenófobas e racistas presentes em tantos discursos nas redes sociais, desafiando os cidadãos a abrirem-se aos outros e a entrarem em contacto com realidades diferentes. “Pode ser qualquer um de nós”, afirmou a diretora da OCPM, felicitando diversos órgãos de comunicação social pela realização de trabalhos que retratam o drama de tantos migrantes e que se tornam num veículo para criar pontes e quebrar preconceitos.

Antes do arranque da peregrinação de agosto foi ainda possível escutar Rui Pedro, sacerdote missionário scalabriniano que trabalha com os emigrantes portugueses no Luxemburgo. Perante a realidade vivida pelos migrantes em território português, o sacerdote disse que aquilo que é reivindicado para os emigrantes portugueses tem também de ser aplicado aos imigrantes em Portugal. O missionário identificou Luxemburgo como um “laboratório” de diálogo intercultural. A peregrinação de agosto terá início na Capelinha das Aparições, com a bênção das velas e recitação do terço, chegando ao fim no dia seguinte, 13 de agosto.