O Centro Francisco e Jacinta Marto, localizado em Fátima, acolhe uma Estrutura de Apoio de Retaguarda (EAR), com capacidade para receber cerca de 60 doentes com Covid-19, desde dezembro de 2020. O Santuário de Fátima colabora nesta resposta através da presença de Ana Luísa Castro, religiosa da Aliança de Santa Maria, médica de formação, na especialidade de Medicina Geral e Familiar, e responsável pelo Posto de Socorros do templo da Cova da Iria.

Em declarações aos serviços de comunicação do Santuário de Fátima, Ana Luísa Castro explicou que os doentes tratados naquele espaço são sobretudo provenientes da zona do Médio Tejo, existindo também pacientes de todo o território nacional. Encontram-se “numa situação estável”, são maioritariamente oriundos de lares, existindo também doentes provenientes das suas residências e de hospitais. Pessoas que, “não tendo necessidade de internamento, carecem ainda de alguns cuidados médicos”, explicou a médica e religiosa.

Segundo Ana Luísa Castro, esta resposta foi “crescendo com o tempo, consoante as necessidades”. A religiosa intervém nesta estrutura “como voluntária médica, indicada pelo Santuário, durante três manhãs durante a semana”. O objetivo é “complementar o trabalho, porque há um grande volume de trabalho”. “Vou também enquanto religiosa, procurando não descuidar essa dimensão espiritual e pessoal de cada pessoa, e gosto de visitar cada um, dizer-lhes que estão em Fátima, que estão perto de Nossa Senhora, e de alguma forma dar ânimo”, disse a profissional.

A religiosa destaca que “enfermeiros, médicos, auxiliares, têm sido incansáveis, e é isso que tem mantido a estrutura a funcionar bem e isso é louvável”. Segundo a médica de formação, “a presença de alguém” que visita os doentes, “que os olha, que diz não estão sozinhos, mostrando disponibilidade com uma palavra mais amiga, mostrando o lado positivo, é muito importante nesta hora”. Ana Luísa fala da importância de “ouvir, ter em conta a história de cada um, tocar na mão, abraçar, algo que com as proteções que temos é possível, e eles pedem-nos muito isso, o abraço”.

O Centro Francisco e Jacinta Marto é um espaço dos Silenciosos Operários da Cruz. Cila Santos, religiosa desta congregação e Superiora Provincial desta ordem, destaca a forma como a comunidade acolheu doentes e profissionais. “Com hospitais a passar muitas dificuldades, e ao ver as pessoas chegar a nossa casa, foi um alívio, porque sabíamos que cada utente que chegava, era mais uma pessoa que podia ser tratada no hospital”.

A responsável conta que alguns doentes, depois da sua alta médica, “quase já não queriam ir embora, por assim dizer. Sentiram-se tão bem acolhidos, tão bem tratados, que não fossem as circunstâncias já por aqui ficariam”, disse a responsável, em declarações à sala de imprensa do Santuário de Fátima.

“Isto para nós, que acolhemos e cedemos a casa, é uma alegria, mostra que as pessoas foram tratadas com dignidade, mesmo num momento de fragilidade, em conformidade com aquilo que o nosso fundador Monsenhor Luís Novarese, instituiu como nosso carisma”, disse a responsável, adiantando que mesmo não estando em contacto com os doentes, “sentimos que o nosso carisma se está a cumprir nesta missão que aqui está a acontecer”.