José Ornelas, é também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa

O novo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) deu esta quarta-feira, 17 de junho, a sua primeira conferência de imprensa na qualidade de líder dos bispos portugueses, e deixou claras as suas linhas orientadoras do que preconiza para a Igreja em Portugal: uma Igreja em permanente diálogo, com a cultura e a sociedade, uma Igreja atenta ao que se passa no país e no mundo, e uma Igreja solidária, missionário, próxima dos que mais precisam.

“O importante é que não fique ninguém para trás”, afirmou José Ornelas, alertando para a necessidade de medidas urgentes e da cooperação entre o Estado, as associações, instituições e sociedade civil, “para que não se volte a experimentar a situação de penúria” vivida no período de recessão iniciado em 2008, e nas crises económicas anteriores. As condições de precariedade que se avizinham, fruto da crise pandémica, “são um perigo para toda a sociedade, e uma sociedade como a nossa não se pode dar ao luxo de ter bolsas de pobreza”, sublinhou o prelado.

José Ornelas manifestou-se ainda preocupado com as dificuldades financeiras porque estão a passar muitas das instituições de solidariedade, agora agravadas pela crise, e que exigem apoios mais equitativos por parte do Estado. “O importante – realçou – é que não se volte a verificar a situação de miséria”.

No comunicado final da Assembleia Plenária da CEP, divulgado hoje, os bispos pedem a redescoberta do valor da missão dos serviços de saúde, acessíveis a todos, e dos seus profissionais, merecedores de um reconhecimento que fomos esquecendo nos últimos tempos”. “Esse valor da vida não é menor quando as vítimas a proteger são idosos e só pode lamentar-se que muitos residentes em lares tenham sofrido mortes que poderiam ter sido evitadas”, pode ler-se no documento.

Confrontado com estas declarações, o bispo de Setúbal disse ser prioritário ter “um Estado que assuma o fundamental da vida e da saúde de toda a população” e que se encontre a melhor forma de ir ao encontro das verdadeiras necessidades das pessoas.

Em relação aos movimentos antirracismo que têm subido de tom nos últimos dias, com a vandalização de várias estátuas históricas, algumas delas ligadas à história da Igreja, o presidente da CEP considerou-os “exageros compreensíveis”, mas não os mais adequados para combater a exclusão e a discriminação.