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Foto: Lusa

Dez milhões de crianças necessitam de receber assistência humanitária para conseguirem sobreviver no Afeganistão, alerta em comunicado Henrietta Fore, diretora-executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

Segundo a responsável, “um milhão de menores poderão sofrer de desnutrição severa este ano, correndo o risco de morrerem se não receberem tratamento”. Existem “4,2 milhões de crianças fora da escola, sendo metade meninas, e cerca de 435 mil mulheres e crianças estão a viver como deslocadas internas”, adianta Henrietta Fore. “Esta é a realidade sombria das crianças afegãs e continuará assim, independentemente da situação política e das mudanças de governo”, lamenta a diretora-executiva do UNICEF.

Henrietta Fore confirma o compromisso da agência se manter no Afeganistão, trabalhando em favor das crianças, tentando distribuir vacinas, assegurando abrigo, água potável e serviços de saneamento e de nutrição. A responsável pede ao movimento fundamentalista talibã para assegurar que o UNICEF e parceiros humanitários tenham acesso livre e seguro para prestarem assistência a todas as crianças afegãs. O UNICEF e a Organização Mundial da Saúde (OMS) fizeram no último domingo, 22 de agosto, um apelo conjunto em prol do acesso imediato para a entrada de medicamentos e de outros suprimentos vitais a milhões de afegãos.

As duas agências lembram que mesmo antes do movimento fundamentalista talibã chegar ao poder no Afeganistão, o país era já a “terceira maior operação humanitária do mundo, com mais de 18 milhões de pessoas a precisar de assistência”. Ambas as agências comprometem-se a permanecer no país e a prestar auxílio ao povo afegão, mas recordam que “nenhum voo comercial está autorizado a aterrar na capital – Cabul”. Perante este contexto, o UNICEF e a OMS não têm forma de fazer chegar auxílio ao país, e, por isso, pedem o “estabelecimento imediato de uma ponte aérea humanitária, para acesso desimpedido de ajuda ao Afeganistão”.

Em conjunto com a Organização das Nações Unidas (ONU) e parceiros internacionais, o UNICEF e a OMS estão a analisar outras opções para o envio de ajuda humanitária. Ambas as agências recordam que o conflito, deslocamentos, a seca e a covid-19 “estão a contribuir para uma situação complexa e de desespero no Afeganistão”. Devido à instabilidade no país, nos últimos dois meses, mais de 300 mil pessoas ficaram desalojadas. O Fundo das Nações Unidas para a Infância encontra-se presente no Afeganistão há 65 anos.