Os médicos dos hospitais da floresta amazónica peruana lançaram esta semana um alerta para a escassez de oxigénio, que coloca em risco a assistência aos pacientes afetados pelo coronavírus. “No pulmão do mundo morre-se por falta de oxigénio, essa é a nossa triste realidade”, testemunhou às agências internacionais o diretor de Saúde da região de Loreto.

Segundo Carlos Calampa, a falta de oxigénio é um problema sério não só para as comunidades indígenas amazónicas, que já somam 14 mortos e centenas de contagiados, mas também para as equipas sanitárias. “Temos 193 profissionais contagiados e 12 falecidos, o que torna muito difícil montar equipas de ação rápida na região”, adiantou o responsável.

Na amazónia peruana praticamente não há estradas e o principal meio de transporte é o fluvial. Loreto fica na remota fronteira com Brasil, Colômbia e Equador, e é a região mais extensa e povoada do Peru. Ali, onde já foram reportados mais de 2.100 casos e 95 mortes relacionadas com a Covid-19, são poucas as comunidades com água potável, e em algumas aldeias, as pessoas fazem máscaras com folhas de bananeira para se proteger.

“Precisamos urgentemente de remédios, oxigénio e equipamentos de segurança”, apelou por sua vez Hernández Cayetano, líder da Federação de Comunidades Ticuna e Yaguas do Baixo Amazonas, revelando que neste momento muitos dos contagiados estão a ser tratados “com xarope de limão, gengibre e cebola que eles próprios preparam”.

Recorde-se, que em finais de março, as comunidades indígenas peruanas e uma organização não governamental internacional pediram a restrição da entrada na Amazónia para impedir a propagação do coronavírus entre os indígenas, que estão entre os povos “mais vulneráveis do planeta” diante da pandemia.