O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) promove esta quinta-feira, 22 de outubro, uma conferência virtual de doadores, onde vai procurar convencer os parceiros a disponibilizarem pelo menos 840 milhões de euros para as operações de assistência humanitária ao povo rohingya que vive refugiado no Bangladesh.

A resposta humanitária tem vindo a sofrer uma quebra dramática este ano e os desafios têm vindo a aumentar por causa da pandemia da Covid-19. Os efeitos desta tendência estão a fazer-se sentir com especial incidência nos campos de refugiados de Cox’s Bazar, no Bangladesh, onde vivem 860 mil rohingya, a maioria fugida de Myanmar durante a crise de deslocamento mais recente, em 2017.

Grande parte destes refugiados vive à margem da sociedade e precisa ter acesso garantido a cuidados básicos de saúde, água potável, um suprimento confiável de alimentos ou trabalho significativo e oportunidades educacionais. A pandemia veio piorar as suas condições de vida, tornando o acesso aos serviços ainda mais desafiador. Também aumentou o risco de violência sexual e de género e exacerbou os impactos de doenças infecciosas para os deslocados em acampamentos lotados.

“A comunidade internacional e os países da região devem não apenas manter o apoio aos refugiados e seus anfitriões, mas também adaptar-se às novas necessidades críticas e expandir a procura de soluções”, alerta Andrej Mahecic, porta-voz do ACNUR, salientando que o foco deve continuar no retorno voluntário, seguro, digno e sustentável dos refugiados e outros deslocados às suas casas ou a um local de sua escolha em Myanmar.

Segundo o responsável, a responsabilidade pela criação de condições favoráveis ao retorno é das autoridades de Myanmar, mas o processo deve envolver toda a sociedade, abrir o diálogo entre autoridades e refugiados, além de construir confiança entre as partes. Um trabalho que inclui o levantamento das restrições à liberdade de movimento, permitindo que os rohingya retornem às suas próprias aldeias e oferecendo um caminho claro para a cidadania.