Bárbara Barreiros - Investigadora da Universidade do Minho

A religião, mais concretamente, a Cristã, e a democracia, na perspetiva representativa, devem andar de mãos dadas, com o objetivo de se construir um mundo melhor.

Num ano em que se avizinham as eleições autárquicas, que apesar de ainda não se encontrarem marcadas, estão previstas para finais de setembro ou princípios de outubro, importa refletir sobre o direito e o dever de participação dos cristãos neste processo democrático – seja de forma passiva, exercendo o respetivo direito de voto, seja de forma ativa, colocando-se à disposição para o exercício de cargos políticos.

Infelizmente, pelo desencanto, muitos cristãos acabam por se afastar do exercício dos seus direitos democráticos, justificando que a política anda pelas ruas da amargura. Em consequência, observamos um desinteresse coletivo manifestado pela crescente percentagem de abstenção nas eleições, e pela ascensão de perigosos populismos autoritários.

Contudo, não devemos esquecer que embora o regime democrático padeça de inúmeros vícios e defeitos, o mesmo consubstancia uma conquista dos princípios cristãos de defesa da igualdade e da solidariedade e um direito recente que deve ser mantido e defendido. Com efeito, importa lembrar que há bem pouco tempo o direito de eleger e ser eleito não era, como atualmente é alargado a todos, independente da raça, do sexo, do estatuto social, do grau de riqueza, da escolaridade ou da religião!

Acresce que os Cristãos vivem em sociedade e em comunhão, pelo que é necessário que a religião esteja ao serviço da democracia, para que seja possível corrigir alguns desvios desta, nomeadamente, o individualismo exacerbado e o excessivo apego aos bens terrenos.

Mostra-se, portanto, necessário adotar uma posição construtiva, apelando-se à união de esforços e à participação ativa dos Cristãos, devendo a religião servir de freio aos inimigos da liberdade nas organizações políticas e à relativização dos valores, em defesa da manutenção do nosso Estado de Direito Democrático.

Em suma, devem todos cristãos estar ao serviço, seguindo o mandato de Cristo e assim, sem medo, “Ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos” (Mateus 28:19-20).

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