Um grupo de cerca de 30 peregrinos, oriundos de uma paróquia das periferias de Turim, em Itália, e constituído, sobretudo, por jovens, chegou a Fátima ao final da tarde de segunda-feira, 25 de julho, depois de ter partido a pé de Minde. A acompanhar o grupo estiveram sacerdotes e religiosas do Instituto Missionário da Consolata.

Para muitos, esta foi a primeira visita a Fátima. Entre os peregrinos estava Emanuela Novelli, que destaca a união que os jovens mantiveram ao longo do percurso. “Foi cansativo mas, ao mesmo tempo, como estávamos todos juntos, sentimo-nos como se fossemos só um elemento. Senti a união do grupo e isso ajudou a não sentir tanto o cansaço. É a primeira vez que venho a Fátima, e estou aqui para rezar pela minha família. Ao mesmo tempo, este é um pequeno caminho de fé, e uma ocasião para tentar entender as coisas de uma forma diferente”, disse a jovem.

Também Domenico Fraccalvier peregrinou acompanhado pelos missionários da Consolata, e destaca que esta ação se revelou recompensadora e gratificante, depois de ter vivido um momento de maior dificuldade na sua vida. “Trago até Fátima as minhas orações, as da minha família, e as dos meus amigos que mo pediram mas, especialmente, as minhas. Faço esta viagem e esta peregrinação depois de um período muito duro, que também foi de um crescimento pessoal bastante pesado. É a primeira vez que estou em Fátima e senti-me como se estivesse a chegar a casa da Mãe”, contou.

Portugueses entre italianos

O desejo dos peregrinos italianos de conhecerem também portugueses, fez com que três jovens de Portugal acompanhasse também o grupo, como foi o caso de Lourenço Silva. “Hoje parti de Minde até Fátima. Nunca tinha ido desses lados até à Cova da Iria, apesar de já o ter feito a partir de minha casa, em Boleiros. Peregrinei com jovens italianos, o que tornou esta experiência ainda mais engraçada. A língua não foi uma barreira. Alguns falavam inglês, e outro espanhol. Como também sei falar inglês e espanhol foi fácil. E mesmo para aprender italiano, foi uma viagem engraçada. A peregrinação correu muito bem, gostei muito. Todos estes jovens e todas estas pessoas que estão aqui, não nos conheciam a nós os três, portugueses, mas tentaram ajudar-nos, falar e estar connosco. Isso foi uma coisa que eu gostei muito. Eles podiam-nos ter ignorado a nós os três, mas não o fizeram e sentimo-nos integrados. Deu para conversar, para falarmos sobre os nossos países, discutirmos e aprender as línguas uns dos outros.”

Uma semana de serviço, espiritualidade e cultura

Geofray Menya, sacerdote missionário da Consolata, lembra que a passagem dos jovens por Fátima será também uma ocasião para conhecer a mensagem relatada pelos três pastorinhos. “A peregrinação foi uma experiência de grande fé. Um momento para estes jovens se conhecerem melhor a si, e uns aos outros. Vivenciaram ainda uma espiritualidade mariana, a qual muitos deles não conhecem. Conseguiram perceber o que é que é o silêncio, a meditação e a partilha. Nos próximos dias vamos estar na Cova da Iria, procurando conhecer a história de Fátima. Em Itália os atuais jovens não conhecem muito bem a história de Fátima. Vamos conhecer a realidade de Fátima, as casas dos pastorinhos. Teremos alguma atividade no Consolata Museu, dos Missionários da Consolata. Iremos conhecer alguns lugares de maior importância em Fátima como os Valinhos, o museu do santuário, e as sepulturas dos pastorinhos também.”

Fabio Malesa, sacerdote missionário da Consolata italiano que também acompanhou o grupo, destacou que “a maioria” destes jovens peregrinos são oriundos de uma “paróquia muito multicultural, com grandes desafios”, e realçou a importância do dia. “Esta peregrinação é uma imagem daquilo que é o caminho da nossa vida. Caminhar até Fátima pode demonstrar o ‘passeio’ que é a vida. A nossa vida é um caminhar onde se enfrentam desafios, sabendo que se tem algo que se vai conseguir. Às vezes, na vida, também é bom ter este desafio, de perceber quais podem ser os seus objetivos”.

O sacerdote adiantou depois à FÁTIMA MISSIONÁRIA como serão os próximos dias dos jovens na Cova da Iria. “O grupo vai fazer aqui em Fátima uma experiência de serviço e de espiritualidade, com vista a perceber, compreender e entrar na história da espiritualidade de Fátima. Vamos ficar na Cova da Iria uns dias e vamos fazer serviço na casa dos padres: pintar umas paredes, arranjar uma hortinha, um jardim. No Bairro do Zambujal (Amadora) vamos apoiar um lar de idosos”.

Também Luísa Munguambe, irmã Missionária da Consolata natural de Moçambique, atualmente em missão em Itália, acompanha os jovens nesta semana. “Esta semana em Portugal está a ser uma experiência muito rica, de fé, de partilha da nossa vida, de oração. É uma experiência interessante. Já visitámos vários lugares históricos. Fomos a Sintra, visitámos o Cristo Rei, entre outros. O objetivo é mostrar que a vida é serviço. Amar e servir. Dar-se aos outros”, disse a irmã, mostrando depois o seu fascínio pelo grupo que tem a missão de acompanhar. “Estou contente com o grupo. São jovens muito bons. Estou a gostar da forma como se comportam, se apresentam, a disponibilidade e a responsabilidade que cada um mostra nestes dias. São jovens muito alegres, bem-dispostos e energéticos.”

Texto e fotos: Juliana Batista