A organização de defesa dos direitos do consumidor Deco/Proteste realizou dois estudos aos custos e qualidade de vida dos idosos nos lares e concluiu que existe um elevado tempo de espera por vagas, um valor incomportável nas mensalidades e que a qualidade de vida e saúde dos utentes se tem vindo a deteriorar, sobretudo no período de pandemia. Por isso, pede a “revisão do modelo estrutural” destas instituições.

“Segundo os dados apurados junto de familiares de utentes institucionalizados, a Deco/Proteste alerta para o tempo de espera por vagas, valor incomportável dos lares para os idosos e deterioração da sua qualidade de vida e saúde durante a pandemia de Covid-19”, refere a organização em comunicado, sublinhando que “a pandemia expôs de forma inquestionável as debilidades dos atuais modelos e a desproteção a que está votada uma parte vulnerável e crescente da população portuguesa”.

Os dados do primeiro estudo revelam que cada idoso tem uma fatura mensal média de 951,2 euros, da qual consegue pagar 730,4 euros, com o valor remanescente (220,8 euros) a ser suportado pela família. A par do valor praticado, cada idoso espera, em média, 108 dias por uma vaga num lar privado, 171 dias numa IPSS e 173 dias numa Misericórdia.

“No que respeita à saúde, o estudo demonstra que o número de idosos com baixa forma física e mobilidade sobe de 42 por cento – no momento de entrada do lar – para 74 por cento dias antes de falecerem”, adianta o documento, acrescentando que a saúde mental dos idosos também se agrava, passando de 35 por cento dos casos para 59 por cento.

Já o segundo estudo, realizado nas duas primeiras semanas de outubro, para avaliar o período da pandemia, evidencia que “o confinamento entre março e abril agravou a qualidade de vida e a saúde dos idosos que habitam em lares”. “Antes da quarentena, 69 por cento dos idosos não sofriam de nenhum problema de saúde grave, um número que desceu para 57 por cento durante o isolamento”, conclui.

O inquérito assinala ainda “a falta de materiais” com 64 por cento dos inquiridos a relatarem a “falta de higienizador de mãos para os funcionários e testes de Covid-19 antes do confinamento, valor que desceu para 59 por cento durante o confinamento e que voltou a decrescer para os 40 por cento depois do confinamento”.