Padre Simão Pedro junto dos bens reunidos no pavilhão dos Missionários da Consolata em Fátima

O pavilhão dos Missionários da Consolata em Fátima foi o local escolhido para reunir um conjunto muito variado de bens para enviar em dois contentores para a diocese de Tete, em Moçambique. O primeiro dos contentores a deixar a Cova da Iria vai transportar medicamentos e material de saúde, nomeadamente soro, agulhas de todas as medidas, vários tipos de bisturis, seringas, pensos, gazes de todo o tipo, ligaduras, pinças de tecidos, tesouras médicas e clínicas, conjunto de objetos para pequenas cirurgias, bombas de oxigénio, entre muitos outros bens.

Outro dos contentores vai transportar caixas de papas, leite, enlatados, camas, beliches, colchões, lençóis, toalhas, loiça, panos, caixas de ferragens, material escolar, livros para criar bibliotecas escolares, pás, marretas, picaretas, vestuário, brinquedos, imagens de Nossa Senhora de Fátima e de santos, terços, 5 mil crucifixos e missais dominicais em chinungwe, uma língua falada por quase 1 milhão de pessoas na província de Tete.

Todos estes bens foram doados por laboratórios de medicamentos e de material médico, por associações, particulares, religiosos e empresas de diversos pontos do país como Fátima, Ribeirão, Trofa, Rio Meão, Leiria e São Mamede (Batalha). Depois de saírem em contentores de Fátima, estes bens vão rumar até ao Entroncamento, seguindo depois para o porto de Sines e daí até ao porto da Beira, em Moçambique. A deslocação destes bens desde Fátima até ao porto da Beira foi inteiramente doada por empresas transportadoras. O transporte de Beira até Tete foi oferecido pelas Forças Armadas Portuguesas.

“Coisas que lá não existem”

Simão Pedro, sacerdote missionário da Consolata e responsável por esta iniciativa, afirma estar de “coração cheio” com toda a bondade envolvida nesta iniciativa. “É mesmo uma maravilha. É tudo grátis. Estou mesmo feliz e maravilhado com a união de forças que houve para conseguirmos juntar estes dois contentores. Um vai ser fundamental para a saúde da diocese de Tete porque vai cheio de medicamentos e material médico, coisas que lá não existem, e que através de Diamantino Antunes, bispo em Tete, vão chegar aos vários postos de saúde, em colaboração com o Ministério da Saúde de Tete, que deu o parecer e que fez o pedido de isenção às alfândegas de Moçambique. O segundo contentor é de bens necessários. Os missais são essenciais para as celebrações semanais, são fundamentais para a assistência espiritual de toda aquela população de uma diocese que é maior que Portugal. Os cinco mil crucifixos feitos por José Afonso, irmão Missionário da Consolata, vão servir para divulgar a espiritualidade e fomentar este espírito evangélico em todas as pessoas daquela grande diocese”.

Simão Pedro destaca que foram muitos aqueles que se dispuseram a fazer doações para o envio de imagens de Nossa Senhora para Tete. “Foi tão lindo ver a adesão e a sensibilidade das pessoas e a sua preocupação para fazer chegar uma imagem de Nossa Senhora de Fátima àqueles cristãos, àquelas pessoas que vivem tão longe, a 11 mil quilómetros de nós. Pessoas de bom coração que quiseram oferecer estas imagens de Nossa Senhora de Fátima para dar alento e esperança àquelas pessoas que estão tão longe e vivem num local com falta de tanta coisa, de infraestruturas, e mesmo com muita falta de material litúrgico. E este é um modo de fazer chegar a mensagem de Cristo, que dá sentido à vida dos cristãos”, disse o sacerdote.

“Material vai ser de grande utilidade”

A partir de terras moçambicanas, Diamantino Antunes, missionário da Consolata e bispo de Tete, mostra-se muito grato e feliz por todos os bens que estão a caminho da diocese que conduz. “Sinto uma alegria grande porque as pessoas de boa vontade têm o coração aberto às necessidades, sobretudo dos mais pobres, e souberam mobilizar-se para reunir todos estes materiais que fazem falta à diocese de Tete e que nos irão ajudar a apoiar outras pessoas. É uma alegria grande. O contentor que tem material médico e hospitalar é de grande importância no contexto atual, em que faltam medicamentos. Os hospitais e centros de saúde estão sempre numa situação limite, muito difícil, devido à crise económica e tantos outros fatores. Todo esse material vai ser de grande utilidade e é esperado com ansiedade”, disse o prelado, destacando também a importância do material que será transportado no segundo contentor.

“Entre o material vário que chegará em outro contentor, é de grande relevo e importância o missal em língua chinungwe, impresso em Portugal. É importante para a celebração dominical, pois contém as leituras do domingo, e em muitas comunidades a celebração faz-se em chinungwe, a língua local. É um instrumento litúrgico em que a tradução já tinha sido feita há muitos anos, mas faltava a sua impressão e finalmente conseguimos! Há muita esperança e expetativa. No que diz respeito aos livros e material vário como colchões, estes vão permitir apetrechar obras sociais, residências de missionários, lares, internatos e centros de saúde. São coisas que não se encontram em todo o lado e todas elas são necessárias e aguardamos com grande expetativa”, refere o prelado.

O envio dos contentores foi organizado pelos Missionários da Consolata e pela sua instituição, a Fundação Allamano, contando com o apoio do projeto “Um grito por Cabo Delgado”. Simão Pedro destaca a oferta de medicamentos e material médico por parte de dois laboratórios – B-Braun e Bastos Viegas. As loiças foram oferecidas pela Matcerâmica, de São Mamede (Batalha), e as caixas de ferragens foram doadas pela MiniMola, de Rio Meão, em Santa Maria da Feira, e pela Sofima, de Leiria. Parte do material escolar foi doado pela papelaria Cruzmapa, de Ribeirão, e 19 caixas de livros foram doadas pela editora Papa-Letras. As enxadas para aquele povo moçambicano foram feitas pelo próprio pai do padre Simão Pedro, que reside em Trofa. Existem também diversas ofertas provenientes da Consolata Loja, Missionários da Consolata, e dos Armazéns Carriço, em Trofa. Há ainda um agradecimento às empresas transportadoras – Torrestir e MedWay – assim como às Forças Armadas Portuguesas. Simão Pedro afirma que toda esta mobilização de esforços mostra que a sociedade consegue “pensar naqueles que estão distantes e que são mais desfavorecidos, mais pobres”, e que perante uma realidade dura, os cidadãos conseguem ser “solidários em todas as vertentes, seja a nível da alimentação, da educação, ou a nível espiritual”.