Perante a saída de milhares de cubanos às ruas com reivindicações como “Temos fome”, “Liberdade” e “Abaixo a ditadura”, dando conta de problemas como a escassez de alimentos e de medicamentos devido à crise económica que também levou a um corte da eletricidade, os bispos de Cuba divulgaram online um comunicado. “Neste momento, como pastores, preocupamo-nos que a resposta a essas reivindicações seja a imobilidade que contribui para dar continuidade aos problemas, sem resolvê-los. Não só vemos que as situações pioram, mas também que caminhamos para uma rigidez e endurecimento de posições que podem gerar respostas negativas, com consequências imprevisíveis que nos prejudicariam a todos”, refere o episcopado cubano.

“Não se chegará a uma solução favorável por imposições, nem por apelos ao confronto, mas quando se exerce a escuta mútua, se procuram acordos comuns e se dão passos concretos e tangíveis que contribuem, com a colaboração de todos os cubanos sem exclusão, para a construção da pátria ‘com todos e para o bem de todos’”, referem os prelados, adiantando que através destas manifestações os cubanos estão a dar conta do seu “desconforto pela deterioração da situação económica e social que atravessa nosso país”.

“Entendemos que o governo tem responsabilidades e tem procurado tomar medidas para amenizar as referidas dificuldades, mas também entendemos que o povo tem o direito de expressar as suas necessidades, desejos e esperanças e, por sua vez, de expressar publicamente como algumas medidas que foram tomadas os estão a afetar seriamente”, lê-se no documento. O episcopado cubano deixa um apelo: “Convidamos a todos a não contribuir para a situação de crise, mas com serenidade de espírito e boa vontade, exercitar a escuta, a compreensão e a atitude de tolerância, que leva em conta e respeita o outro para procurarmos juntos caminhos de uma solução justa e adequada.”