António Guterres
António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas | Foto: ONU / Jean-Marc Ferré

Comparando o problema da corrupção a “uma velha praga”, o secretário-geral das Nações Unidas alertou esta quarta-feira, 9 de novembro, para o risco de suborno e lucros abusivos no desenvolvimento de vacinas e tratamentos contra a Covid-19. E apelou à criação de parcerias para fortalecer a supervisão, responsabilização e transparência, com base nas ferramentas globais anticorrupção fornecidas pelas Convenções das Nações Unidas contra a Corrupção.

Numa mensagem alusiva ao Dia Internacional contra a Corrupção, António Guterres lembrou que em alguns países as populações têm exigido justiça social e responsabilização, mas advertiu que no meio dessas profundas preocupações, “a crise da Covid-19 cria oportunidades adicionais para a corrupção”.

Os governos estão a investir para colocar as economias no caminho da recuperação, para prestar apoio de emergência e adquirir equipamentos médicos, mas com todo este esforço, a supervisão pode tornar-se mais fraca, aumentando assim os riscos de corrupção. Por isso, “o mundo não pode permitir que os fundos de estímulo e recursos vitais de emergência sejam desviados”, sublinhou Guterres.

Para o líder da ONU, a recuperação da pandemia deve incluir medidas para prevenir e combater a corrupção e o suborno e a ação contra este problema deve fazer parte de reformas e iniciativas nacionais e internacionais mais amplas para fortalecer a boa governança, combater fluxos financeiros ilícitos e paraísos fiscais e devolver ativos roubados, de acordo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

António Guterres enfatizou ainda que a redução dos riscos de má gestão e corrupção durante a pandemia requer o envolvimento de órgãos anticorrupção fortes, uma melhor supervisão dos pacotes de apoio de emergência, contratos públicos mais abertos e transparentes e maior conformidade anticorrupção no setor privado. Além disso, os países também precisam “garantir o apoio e a proteção para denunciantes e jornalistas que descobrirem corrupção durante a pandemia”.