Foto: LUSA

A Cimeira do Clima das Nações Unidas (COP26) decorreu em Glasgow, na Escócia, entre os passados dias
31 de outubro e 12 de novembro. O acordo, que deveria ter sido fechado dentro destas datas, saiu apenas um dia depois do fim, após grande pressão por parte do governo do Reino Unido. Fui uma das “sortudas” por poder participar nesta cimeira. Coloco “sortuda” entre aspas, porque considero que esta COP não foi, de todo, aquilo que nem eu, nem ninguém que trabalha diariamente estas temáticas, e que se esforça por “mudar pelo planeta, cuidando das pessoas”, esperava. Viajei longas horas com o sentimento de “esperança e inquietação”. Tinha a inquietação de um acordo que se afigura urgente e inadiável. Mantinha a esperança de que, dentro da sala das negociações, a humanidade se sobrepusesse à economia.

Uma das coisas que mais me marcou nesta COP, além do “fraco” acordo, foi a falta de coerência dos participantes – juntam-se para lutar pelo futuro do planeta e da humanidade, mas continuam sem conseguir encontrar o caminho do caixote do lixo. A própria organização da cimeira usou, na sua maioria, materiais descartáveis. A cultura do “usa e deita fora” tem de ser mudada urgentemente. Ouvi muitas vezes a expressão –“Os católicos sabem tudo mas não fazem nada”. Mas questiono – Que podemos fazer no âmbito das negociações, se existiram “restrições sem precedentes no acesso às negociações colocadas às organizações da sociedade civil?” Não era possível aceder aos negociadores, intervir e mostrar as preocupações com a justiça climática e direitos humanos em geral. As centenas (se não milhares!) de manifestações que foram acontecendo pela cidade e, em particular, à porta da “Blue zone”, a zona das negociações, não foram escutadas por quem tinha o dever de o fazer. Ao invés disso, foram plenamente ignoradas.

Qual o papel dos católicos na “luta” por um acordo justo para todos? Podemos achar que nada nos diz, mas temos a responsabilidade de “arregaçar as mangas” e lutar em prol da humanidade. Sem um acordo justo e coerente, teremos mais funerais do que nascimentos. O futuro faz-se caminhando e, enquanto se continuarem a sentar à mesma mesa os líderes mundiais, a esperança de um acordo que a todos sirva deve permanecer viva. Tenho fé e mantenho a esperança!

Catarina António, Gestora de Projetos da FEC – Fundação Fé e Cooperação
Texto conjunto MissãoPress