Bernard Obiero - Diretor da Fátima Missionária

Somos todos seres sociais, precisamos de apoio de outros e sentimos a necessidade de viver em comunidade. Com o mundo fechado em casa, as redes sociais têm sido os espaços privilegiados de relação e missão. São poucos os que ainda não ouviram falar do facebook, youtube, whatsapp, instagram, tiktok ou twitter. Estes meios modernos dominam as nossas vidas e encontram-se até nas zonas mais pobres do planeta.

“Graças a maravilhosas técnicas, a convivência humana assumiu dimensões novas: o tempo e o espaço foram superados, e o homem tornou-se um cidadão do mundo, co-participante e testemunha dos acontecimentos mais distantes e das vicissitudes de toda a humanidade”, disse o Papa Paulo VI, em 1967. Ainda não se imaginava que esses meios pudessem ganhar popularidade, como acontece neste tempo. Ninguém pensava que os cristãos no mundo inteiro poderiam um dia acompanhar as celebrações da Páscoa através dos meios tecnológicos. Não se imaginava o Santuário de Fátima sem a presença física de peregrinos no dia 13 de Maio. Ou quem é que imaginava o teletrabalho, os encontros e aulas on-line? Quem é que sabia que iríamos recorrer às redes sociais para mandar beijinhos e abraços aos avós confinados nos lares?

Muitos estão a explorar as redes sociais e haverá ainda muitas transformações sociais e culturais que exigem a nossa atenção, pois estes meios têm os seus reflexos nas nossas vidas. São úteis, como também são perigosos e podem fazer de nós escravos. Às vezes, são terreno fértil para as redes de tráfico e crime, são utilizados para “cyberbullying” ou para humilhar as pessoas, para semear ódio e violência.

“Quanto maiores, portanto, são o poder e a ambivalente eficácia destes meios de comunicação, tanto mais atento e responsável deve ser o seu uso,” afirmou o Paulo VI. Não há nenhuma dúvida de que os meios virtuais são instrumentos nobres, quando são utilizados com maturidade. Se as comunidades digitais forem responsáveis, são lugares de evangelização e consolação, ajudam a manter as relações autênticas, promovem os valores humanos, como a solidariedade, e são espaços de encorajamento nos tempos difíceis.