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Os responsáveis de seis movimentos e associações católicas do Togo emitiram um comunicado conjunto a pedir contas ao governo sobre os alegados atos de espionagem que terão tido como alvos vários padres e bispos, entre eles o presidente da Conferência Episcopal. Acusam ainda as autoridades de violarem a Constituição e a lei que regulamenta a proteção de dados e o segredo da direção espiritual praticado pela Igreja.

“Os nossos pastores que foram alvo desta ação de espionagem têm como missão a direção e acompanhamento espiritual que são partilhas relacionadas com a mais sagrada e profunda intimidade das pessoas. Queremos saber se o que concerne à nossa vida privada e espiritual não acabou nas mãos de pessoas que estarão dispostas a torná-lo público para nos causar dano”, escrevem os leigos, citados pela agência Fides.

Segundo uma investigação de jornalistas franceses e britânicos, o governo do Togo terá usado o sofisticado software israelita (Pegasus) para espiar várias personalidades, entre eles alguns elementos do clero. O programa, instalado em segredo nos telemóveis, permite monitorizar conversações, mensagens, recuperar o conteúdo da memória do aparelho, e até ativar remotamente o microfone e a câmara do equipamento. É vendido oficialmente aos Estados como parte da luta contra o terrorismo e crime organizado, mas não é a primeira vez que surgem notícias da sua utilização para cometer violações de direitos humanos.

“É impossível imaginar que um país possa espiar os seus filhos, e sobretudo os bispos e sacerdotes. Creio que quem tenha lido as mensagens no meu telefone terá lido mais palavras de Deus que outras coisas e será para ele uma mensagem de conversão”, reagiu o presidente da Conferência Episcopal do Togo, Benoit Alowonou.