A Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade (SPEO) e a Associação de Doentes Obesos e Ex-Obesos de Portugal (ADEXO) pedem uma resposta mais eficaz e equitativa à doença, que se apresenta como um fator de risco acrescido para os infetados com Covid-19. “É tempo de recalibrar a balança na luta contra a obesidade”, alertam as associações.

Numa tomada de posição conjunta, a propósito do Dia Mundial da Obesidade, que se assinala esta quinta-feira, 4 de março, as duas associações realçam que, apesar de a obesidade ser uma doença crónica e um fator de risco acrescido na diabetes, nas doenças cardiovasculares e nas doenças oncológicas, o sistema de saúde continua mais focado em tratar estas comorbilidades e outras complicações do que em atuar nas causas da obesidade.

Por isso, defendem que a “obesidade deve passar a ser encarada como uma doença grave”, para a qual são necessários programas e planos de ação públicos direcionados para a prevenção e para o tratamento das suas causas, acessíveis à população de forma equitativa, e uma maior monitorização e acompanhamento das pessoas com excesso de peso ou obesas.

A obesidade afeta 1,5 milhões de pessoas em Portugal, o equivalente a 16,9 por cento da população, pelo que a SPEO e ADEXO apontam a necessidade de uma maior aposta na formação dos profissionais de saúde e na criação de consultas de especialidade em obesidade, à semelhança das que existem para a diabetes e para a hipertensão, além de um maior investimento em nutricionistas e psicólogos.

Por outro lado, reclamam a comparticipação nos fármacos para tratamento da doença, para não haver “desigualdade económica no acesso ao tratamento por parte de classes mais desfavorecidas”, sobretudo no atual contexto de pandemia, que tem contribuído para o agravamento das consequências da obesidade.

Segundo um estudo internacional, citado pelas associações, as pessoas com problemas de obesidade têm risco 46 por cento mais elevado de contrair Covid-19, um risco de 48 por cento de morte por Covid-19, 113 por cento de virem a precisar de tratamento hospitalar e 74 por cento de cuidados intensivos. O confinamento social contribuiu ainda para que 26,4 por cento dos portugueses tenham aumentado de peso.