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Trinta e nove jovens de Cabo Delgado, em Moçambique, que começaram a chegar a solo português no final do último ano, encontram-se a frequentar cursos Técnicos Superiores Profissionais (TeSP) no Instituto Politécnico de Leiria (IPL), no âmbito de um protocolo entre o IPL, o Instituto de Bolsas de Estudo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior moçambicano, e os municípios de Leiria, Caldas da Rainha, Peniche e Pombal.

Entre o grupo de alunos está a jovem Birgite John, de 24 anos, que se encontra a frequentar o curso de Práticas Administrativas e Comunicação Empresarial. Natural de Pemba, o “centro onde tudo está a acontecer”, a aluna tem acompanhado a situação no seu país através da comunicação social e redes sociais, e lamenta que todo o conflito obrigue as pessoas a deslocarem-se, ficando “sem nada”. “Saíram das suas casas, dos seus locais de residência e perderam muitas coisas. Passar para uma nova cidade, sem bases, com culturas ligeiramente diferentes, é complicado. Fico muito grata por ter esta oportunidade, porque seria difícil fazê-lo lá”, disse a estudante, em declarações à agência Lusa.

A província moçambicana de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas é aterrorizada por rebeldes armados há cinco anos, sendo que alguns ataques têm sido reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico. O conflito já fez mais de 3.100 mortes, de acordo com o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 859 mil deslocados, segundo as autoridades de Moçambique. Desde o passado mês de julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), permitiu aumentar a segurança, recuperando diversas regiões onde os rebeldes estavam presentes.