Passado o pânico e o medo provocados pelas sucessivas explosões do paiol militar, é tempo de fazer contas. Há muitas perguntas à espera de resposta
Passado o pânico e o medo provocados pelas sucessivas explosões do paiol militar, é tempo de fazer contas. Há muitas perguntas à espera de respostaO governo do presidente armando Guebuza está perante uma enorme interpelação. São muitas as perguntas que o cidadão comum faz. Porquê explodiram as armas? Qual o número de mortos? Quem paga os funerais? O governo vai indemnizar os que perderam as suas casas? Colabora com as terapias de apoio psicológico a crianças e adultos que sofreram e continuam a sofrer perturbações psicológicas em consequência das violentas explosões? Estas e outras perguntas, todas à espera de resposta.
ainda não se sabe o que, na realidade, se passou no paiol militar de Malhazine, na tarde de quinta-feira, 22 de Março, às 16h45. a essa hora exacta os habitantes de Maputo e arredores começaram a escutar as violentas explosões, que se prolongaram por mais quatro horas e causaram um elevado número de mortos. Já ultrapassou os 100. Mais de 400 feridos e incalculáveis danos materiais nas residências e instituições públicas e privadas dos bairros Malhazine, Laulane, Hulene, Magoanine, Bagamoyo, Jardim e aeroporto.
a situação suscita sentimentos de indignação e revolta social, contra a Frelimo, contra o governo do presidente armando Guebuza e contra o seu ministro da defesa, Tobias Dai. É já a terceira vez que armazéns militares explodem nos últimos anos. a indignação é tanto maior quanto neste anos a Frelimo, o governo e o seu ministro da defesa nada fizeram para evitar a tragédia. as armas, obsoletas, como as definira o mesmo ministro Tobias Dai, em 28 de Janeiro, representam um perigo latente.
Esperamos que Maputo, em particular, e Moçambique, em geral, não voltem a ter de sofrer e chorar mortos devido a outras explosões de armamento obsoleto. Dizem que o que explodiu na tarde da quinta-feira fatídica foi apenas uma mínima parte desse tipo de armamento depositado nos armazéns militares de Moçambique.
Esperamos que a povo moçambicano acorde. Que desperte um pouco para as questões políticas. Que consiga passar do frelimismo a uma posição mais crítica do governo e reclame verdade e justiça.