Bernard Obiero - Diretor da Fátima Missionária

Tornou-se viral uma fotografia de Luna Reyes, voluntária da Cruz Vermelha Espanhola, a abraçar um migrante senegalês, em Ceuta. Nas imagens, a jovem espanhola de 20 anos presta auxílio ao migrante que está a chorar, por um dos seus companheiros ter ficado inconsciente, segundo o jornal “ABC”. Esse momento foi registado no mês de maio, quando entraram milhares de migrantes em Ceuta, Espanha, provenientes de Marrocos, numa situação de grande desespero e fragilidade. Dos oito mil migrantes registados, mais de 800 eram menores.

As imagens tornaram-se virais com críticas e até desrespeito pelos colaboradores do movimento da Cruz Vermelha. Outras pessoas criaram um movimento de apoio a Luna Reyes. “Obrigado Luna por representar os melhores valores da nossa sociedade”, disse a ministra da Economia espanhola Nadia Calviño. “Muito mais do que uma foto. Um símbolo de esperança e solidariedade”, disse também a ministra do Trabalho de Espanha, Yolanda Díaz. Luna representa muitos voluntários, grupos e trabalhadores humanitários que estão na linha da frente, a apoiar os mais vulneráveis, apesar de todas as dificuldades vividas. Várias iniciativas do voluntariado e serviço ao próximo promovem uma cidadania ativa.

Quando olhamos para a situação em geral, vemos diversas crises humanitárias – existem muitas pessoas necessitadas e marginalizadas, na sua esmagadora maioria emigrantes que procuram uma vida melhor, entre eles, vítimas de tráfico, refugiados e pessoas que necessitam de proteção internacional. Destas provocações surgem para nós muitas interpelações. Infelizmente, existe muita insegurança e egoísmo de muitas sociedades, dificultando a criação de corredores humanitários, e negando a proteção àqueles que dela necessitam. A comunidade internacional continua a não ter capacidade de restituir o mínimo da dignidade das pessoas na sua proteção e segurança.

É urgente pôr fim a esta crescente injustiça. É fundamental restaurar um ambiente de diálogo entre as civilizações e um clima de tolerância na relação entre as pessoas e comunidades. Devemos dar prioridade à proteção dos direitos humanos de todos. “O maior capital social de uma sociedade está na capacidade das pessoas oferecerem o seu tempo, os seus meios e o seu talento aos outros, de forma desinteressada, em prol do bem comum”, afirmou Rosário Farmhouse, presidente da Comissão Nacional para a Promoção dos Direitos e Proteção de Crianças e Jovens.