As Nações Unidas promoveram uma Conferência de Doadores para responder à crise de fome que ameaça mais de 16 milhões de pessoas no Iémen, uma situação agravada pela pandemia de Covid-19 e que empurrou cerca de 400 mil crianças para a desnutrição aguda severa. Além da emergência para salvar vidas, o secretário-geral da organização pede uma maior participação política, governança responsável, direito à cidadania plena e justiça económica.

Numa altura em que o país necessita de 3,85 biliões de dólares para fazer frente às necessidades humanitárias deste ano, os doadores apenas prometeram disponibilizar 1,7 biliões de dólares, um valor que António Guterres considerou “dececionante”.

Para o líder da ONU, este é um momento de corrida contra a fome, se o propósito é evitar a morte de milhões de iemenitas pelo problema e pela inação. Grande parte dos iemenitas viram as suas vidas viradas do avesso e ser criança no Iémen é como viver um inferno. Por isso, considera que reduzir a ajuda ao país “é uma espécie de sentença de morte para famílias inteiras”.

Recorde-se que o conflito levou ao encerramento ou destruição de metade das instalações de saúde e obrigou cerca de quatro milhões de pessoas a abandonar as suas casas. De acordo com as Nações Unidas, mais de 16 milhões de pessoas passarão fome ainda este ano no Iémen e cerca de meio milhão já vivem em condições semelhantes à fome. No ano passado, o número de civis mortos e feridos pode ter sido superior a dois mil, numa guerra que causou graves danos na economia e arrasou os serviços públicos.