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Com a migração a tornar-se cada vez mais perigosa e mais cara, muitos migrantes contraem empréstimos ou pedem dinheiro a familiares e amigos para financiar a viagem. A maioria não consegue refazer a vida noutro país e regressa a casa endividada e com vergonha, o que dificulta o processo de integração, revela um estudo da Organização Internacional para as Migrações (OIM) feito junto dos migrantes repatriados em seis países da África Ocidental.

Na investigação, realizada no Burkina Faso, Costa do Marfim, Guiné, Mali, Senegal e Gâmbia, muitos dos inquiridos dizem ter desenvolvido sentimentos de ansiedade, fracasso, isolamento social e medo de não poderem pagar as suas obrigações, e um pequeno grupo (cerca de oito por cento) relatou casos de agressão física por parte dos credores.

A OIM já ajudou mais de 68 mil migrantes a regressar aos seis países considerados para este estudo ao abrigo da Iniciativa Conjunta OIM-UE para a Proteção e Reintegração dos Migrantes. Pelos dados recolhidos, a média de endividamento por migrante é de 511 euros, quase o equivalente a um salário médio anual na região do Sahel.

Em conjunto, o valor estimado do endividamento de todos os repatriados nos seis países pesquisados pode chegar a 15 milhões de euros, o equivalente a cerca de 10 por cento de todas as remessas enviadas para o Mali por migrantes da França.

Para Sokhna Sy, Oficial Regional de Pesquisa da OIM na África Ocidental e Central, voltar para casa sem qualquer contribuição para a família – mas, pelo contrário, em estado ainda mais precário do que antes da partida – pode constituir um fracasso “com consequências duradouras na reintegração socioeconómica dos repatriados”.