Iémen
Foto: EPA / Yahya Arhab

A intenção anunciada pelos Estados Unidos da América (EUA) de declarar com uma entidade terrorista o grupo Ansar Allah, também conhecido por houthis, está a suscitar preocupações nas Nações Unidas, pois pode agravar a situação já debilitada de grande parte da população iemenita. “A prioridade mais urgente no Iémen agora é evitar uma fome massiva”, alerta o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Mark Lowcock.

As previsões das equipas humanitárias apontam para que este ano cerca de 16 milhões de iemenitas enfrentam uma situação de insegurança alimentar, um flagelo que pode ser acelerado pela decisão norte-americana, à qual as agências humanitárias se opuseram durante meses.

O Iémen importa 90 por cento dos seus alimentos, com quase toda a comida a passar por canais comerciais, um sistema de importação que não pode ser substituído pelas agências. E, com a medida dos EUA, os comerciantes dizem não ter a certeza “se conseguem continuar a importar alimentos”, sublinha Lowcock, informando o Conselho de Segurança da ONU que “alguns fornecedores, bancos, seguradoras e transportadores já afirmaram que pretendem sair do Iémen porque o risco é muito alto”.

O impacto da decisão norte-americana está preocupar também o enviado especial da ONU para o Iémen, Martin Griffiths. “Haverá, inevitavelmente, um efeito negativo nos esforços para reunir as partes”, refere o responsável, recordando o manto negro que se abateu sobre o processo de paz no final do ano passado, quando um ataque violento ao recém-formado governo causou dezenas de feridos e mortos, incluindo funcionários do governo, de ajuda humanitária e um jornalista.

A formação do novo governo e seu retorno a Áden foi um marco importante para o Acordo de Riade e para a estabilidade das instituições do Estado, da economia e do processo de paz, mas agora tudo se torna mais difícil outra vez. Por isso, Griffiths considera fundamental manter o foco no objetivo principal, que é retomar um processo político inclusivo projetado para encerrar o conflito de forma abrangente.