Foto: Lusa

O mais recente estudo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) sobre o estado da alimentação e da agricultura revela que, globalmente, os recursos de água doce disponíveis por pessoa diminuíram mais de 20 por cento nas últimas duas décadas. Neste momento, mais de três biliões de pessoas vivem em áreas agrícolas com níveis altos a muito altos de escassez de água e quase metade enfrentam restrições severas.

“Existe uma competição crescente que gera tensões para o acesso ao uso da água e as pessoas mais vulneráveis continuam a ser as mais afetadas. Este relatório concentra-se em três grandes objetivos. O primeiro é garantir maior produtividade na agricultura, seja na água de irrigação seja na agricultura de sequeiro, alimentada pelas águas das chuvas. Apenas obtendo maior produtividade por cada gota de água distribuída vamos conseguir diminuir a procura e compatibilizar as necessidades da agricultura e outros setores que também precisam de água”, explica o diretor do Escritório de Mudanças Climáticas, Biodiversidade e Meio Ambiente da FAO, em entrevista à ONU News.

De acordo com Eduardo Mansur, o segundo objetivo está relacionado com a necessidade de proteger os fluxos ambientais naturais para manter as funções dos ecossistemas, conservando, por exemplo, os recursos hídricos nas suas origens, como montanhas, nascentes e zonas florestais, e a terceira meta visa garantir o acesso equitativo deste recurso para todos.

“É um direito humano. Todas as pessoas têm de ter acesso a água limpa, a água para a sua sobrevivência, e isso faz tanto parte do [Objetivo de Desenvolvimento Sustentável] ODS 6, relacionado com a água, como o ODS 10, sobre equidade, e o ODS 2, sobre a eliminação da fome e da subnutrição. A água é um elemento essencial em todos os processos e o acesso equitativo e justo, por todas as pessoas, é uma necessidade que tem de ser garantida para que isso possibilite um desenvolvimento humano sustentável”, sublinha o responsável.