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Os combates iniciados este mês de novembro entre as tropas do exército federal etíope e as milícias do partido no poder em Macallé, na região de Tigré, já provocaram centenas de vítimas e obrigaram pelo menos 27 mil civis a fugir e a procurar refúgio no Sudão. Agora, teme-se uma grave crise humanitária, tendo em conta que naquela zona vivem também 96 mil refugiados da Eritreia.

“Aconteça o que acontecer, deveriam assegurar um corredor humanitário seguro para fazer chegar o material aos trabalhadores humanitários para os refugiados. Os confrontos estão a travar a chegada de ajuda humanitária, incluindo alimentos e medicamentos”, alerta Andre Atsu, diretor regional do Serviço Jesuíta aos Refugiados na África Oriental.

Segundo o responsável, o conflito levou ao encerramento de várias estradas e a uma grave escassez de combustível. A eletricidade, a internet e as linhas telefónicas foram cortadas e os serviços bancários estão suspensos, o levanta problemas de segurança e até de subsistência para os trabalhadores humanitários, principalmente os que não são naturais de Tigré.

“Tem havido bombardeamentos, atentados e em algumas partes da região até se fala de massacres contra a população. Não está confirmado, mas suspeita-se que centenas de pessoas perderam a vida nos confrontos. Quando se começa a bombardear com aviões e a lançar mísseis, corre-se o risco de estender o conflito com resultados imprevisíveis”, testemunha, por sua vez, o padre Mussie Zerai, da paróquia de Asmara.

Se não forem tomadas medidas urgentes, os bispos católicos da África Oriental temem que esta guerra possa causar mais mortes, deslocamentos e destruição. “Ainda acreditamos que o conflito se possa resolver de forma pacífica e evitar que se converta numa guerra civil, mas estamos conscientes que isso só é possível se houver vontade política para as negociações”, escreve o presidente da Associação de Conferências Episcopais da África Oriental, numa carta dirigida à Igreja etíope, citada pela agência Fides.