Foto: EPA / Georges Gobet

O último levantamento realizado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) estima que mais de 8.000 pessoas deixaram a Costa do Marfim na última semana, devido à tensão pós-eleitoral. Este número quase que duplicou em comparação com as 3.200 pessoas registadas na avaliação anterior.

Segundo o ACNUR, até à última segunda-feira, 9 de novembro, mais de 7.500 marfinenses tinham fugido para a Libéria, o país que se tornou o principal destino destes refugiados. “Mais de 60 por cento são crianças, algumas sozinhas ou separadas dos pais”, especificou a agência, referindo também a chegada de muitas “pessoas idosas e mulheres grávidas”. Há ainda o registo de 500 refugiados no Gana, Guiné-Conacri e Togo.

A reeleição de Alassane Ouattara para um terceiro mandato já foi validada pelo Conselho Constitucional, mas oposição não reconhece a recondução e anunciou a criação do Conselho de Transição, o que levou à detenção de vários opositores. Henri Konan Bédié está retido na sua casa e impedido de sair pelas forças de segurança.

Cerca de 50 pessoas morreram já em contexto de violência relacionada com as eleições presidenciais de 31 de outubro desde o anúncio, em agosto, da candidatura do Presidente cessante para um terceiro mandato considerado inconstitucional pela oposição. Os receios de uma escalada da violência permanecem no país, 10 anos após a crise pós-eleitoral de 2010-2011 que deixou 3.000 mortos, 300.000 refugiados e um milhão de pessoas deslocadas internamente, segundo o ACNUR.