Foto: EPA / Natacha Buhler

Os bispos já tinham lançado um alerta, agora foi o subsecretário-geral dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas a denunciar as graves violações cometidas pelos grupos armados na República Centro-Africana (RCA), com o consequente agravamento das condições de vida da população. Estima-se que existam atualmente cerca de 2,8 milhões de pessoas no país com necessidades humanitárias, o que significa quase 60 por cento da população.

“As crescentes violações cometidas pelos grupos armados estão a criar novos deslocados e novas necessidades humanitárias. E, como é óbvio, tudo isto se vê agravado pelo impacto da Covid-19”, afirmou Mark Lowcock, recordando que a instabilidade coloca em risco até o trabalho dos trabalhadores humanitários – este ano já foram mortos dois funcionários e 21 ficaram feridos.

Com a aproximação da data de renovação do mandato da Missão das Nações Unidas na RCA (MINUSCA), o responsável da ONU exortou os Estados-membros a “darem prioridade à proteção dos civis, face à quantidade de riscos e dinâmicas dos conflitos no país e na região em geral”. E apelou a mais doações para o Plano de Resposta Humanitária.

Em setembro último, os bispos centro-africanos publicaram uma carta pastoral manifestando preocupação pelos constantes crimes cometidos contra as populações de diferentes zonas da RCA. “Verificamos com amargura que entre 70 a 80 por cento do nosso país está ocupado por grupos armados, alguns deles liderados por mercenários mais ferozes”, afirmaram os prelados.