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Os conflitos no norte de Moçambique estão a colocar em “desespero centenas de deslocados”, que se veem obrigados a fugir, conforme relata a equipa da Helpo, uma organização não governamental para o desenvolvimento (ONGD) portuguesa, a partir de Silva Macua, em Cabo Delgado, sublinhando que o medo e “a roupa do corpo” é “tudo o que têm” estas pessoas. A organização portuguesa explica que os deslocados que agora encontram algum local seguro onde ficar, enfrentaram antes “vários os dias de caminhada em fuga pelo mato, porque a violência armada lhes entrou porta dentro, sem aviso prévio”.

Segundo o organismo português, “muitos nem fugir conseguiram” e “outros não resistiram à dureza da fuga”. No meio deste drama, a ONGD destaca os sorrisos que são possíveis encontrar entre esta população. Em Silva Macua, a Helpo identificou e fez rastreios e acompanhamento nutricional a “71 crianças, grávidas e lactantes”. A organização distribuiu também “bens alimentares, utensílios de cozinha, material de higiene e roupa”.

A partir de Impire, também em Cabo Delgado, a equipa da Helpo apresenta um cenário igualmente dramático vivido pela população daquela região. De acordo com o organismo português, aquelas pessoas “deixaram de ter muito pouco para ter quase nada”. A equipa da ONGD refere que a “resiliência e a superação fazem já parte do quotidiano de quem vive nas comunidades pobres do norte de Moçambique, mas nunca se está preparado para deixar tudo, em fuga à violência, às balas, à morte iminente”.

Para muitas pessoas, “ter os seus por perto e chegar com vida a um local onde podem tranquilizar e alimentar os filhos é uma bênção”, aponta o organismo nacional. Em Impire, a Helpo identificou e fez rastreios e acompanhamento nutricional a “58 as crianças, grávidas e lactantes”. Além disso, a organização entregou também “bens alimentares, utensílios de cozinha, material de higiene e roupa”.

A ONGD lamenta o facto de já serem mais de “250 mil os deslocados internos, cerca de metade dos quais crianças, que fogem dos ataques armados na província de Cabo Delgado”. A organização apoia as vítimas do conflito através dos donativos da campanha ‘Emergência Moçambique’, e apela a mais ofertas para continuar a sua ação humanitária no terreno.