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Foto: EPA / Kim Ludbrook

O deputado guineense Conduto de Pina denunciou um caso de suposto tráfico de crianças na ilha dos Bijagós, durante uma intervenção no Parlamento da Guiné-Bissau, apontado o dedo a uma cidadã estrangeira, proprietária de uma escola. “Não se trata de adoções, porque adoção teria de por trâmites normais, até à produção de uma sentença por um tribunal. Ela não, ela faz subtração (de crianças)”, observou o deputado.

Em declarações à agência Lusa, Conduto de Pina assegurou que a autora do alegado crime, que neste momento se encontra em França, trabalha em Bubaque, mas tenta retirar crianças da ilha de Canhabaque, onde a maioria dos pais são analfabetos. Depois das denúncias, pelo menos cinco crianças de Canhabaque tiveram de voltar para a Guiné-Bissau quando já se encontravam no Senegal.

“Na sexta-feira era para fazer embarcar cinco crianças a partir de um voo que partia do Senegal para a Tunísia e de lá para Antígua, Barbados, para depois poderem entrar na Europa”, afirmou o deputado, adiantando que, deste grupo consta uma criança do sexo feminino que a autora do esquema tentou levar para a Europa, em 2019, a partir do Senegal com um passaporte daquele país.

Conduto de Pina tem na sua posse documentos, cópias de bilhetes de identidade e de passaportes das crianças envolvidas no esquema, bem como papéis que seriam declarações dos pais a autorizarem a viagem dos menores, e vai agora tentar descobrir os pais biológicos das crianças para perceber melhor os contornos do problema.

Em junho, fonte da Associação Amigos da Criança disse à agência Lusa que a Polícia Judiciária guineense, com o apoio da Interpol, intercetou em Marrocos seis raparigas, que estavam a ser levadas para um país asiático para prostituição. A associação acredita que situações do género acontecem “desde sempre”, envolvendo raparigas guineenses, que são aliciadas com promessas de trabalho em países vizinhos da Guiné-Bissau, Europa e Ásia, mas que parece agravar-se com a pandemia da Covid-19.