Somália
Foto: EPA / Ibrahim Elmi

Quando a 1 de julho de 1960 a Somália conquistou a independência, renasceram as esperanças de se estar a dar o primeiro passo para a criação de uma nação próspera. Mas o sonho durou pouco tempo. Nove anos depois, o Presidente Abdirashid Ali Shermarke foi assassinado e o poder foi tomado de assalto pelo major-general Jallee Mohamed Siad Barre, que governou o país por mais de duas décadas.

Barre imprimiu um sistema de ditadura e opressão durante anos, até ser expulso por senhores da guerra e grupos rebeldes de diferentes clãs. Os grupos tribais assumiram então o protagonismo político, apesar de não terem agendas definidas, e contribuíram para o aumento das injustiças e revoltas no país, que enfrenta agora as ameaças dos grupos radicais islâmicos. Centenas de milhares de somalis fugiram em busca de segurança.

Para o analista político somali Mohamed Haji Husein Rage, citado pelas agências internacionais, a Somália tem neste momento diversos povos nómadas divididos em clãs, e uma estrutura social que dificulta a formação de um Estado funcional: “Isso não pode andar de mãos dadas com a construção de uma nação moderna. Por isso a Somália não seguiu um caminho semelhante a outras nações africanas como Gana, Tanzânia ou Botswana, que têm pilares fortes e, em cima disso, construíram nações fortes onde as pessoas se identificam com um país”.

Em fevereiro, o Presidente Mohamed assinou um projeto de lei eleitoral histórico, que permite a realização de eleições presidenciais e parlamentares diretas pela primeira vez em 51 anos, mas a pandemia de Covid-19, adiando a votação para 2021 e os planos para uma possível mudança política gradual do país, que enfrenta, tal como tantos outros, o impacto económico da crise global.

“A Covid-19 está a ter um impacto económico grave, com as remessas da diáspora somali a diminuir e o governo federal a projetar queda de 11 por cento do Produto Interno Bruto nominal este ano”, explica James Swan, chefe da Missão de Assistência das Nações Unidas para a Somália (UNSOM), salientando que a intensificação dos ataques do movimento radical al-Shabab e a invasão de gafanhotos “que coloca em risco a produção de alimentos” poderão contribuir para agravar ainda mais a situação do povo somali.