Cabo Delgado
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Uma nova fase da campanha ‘Cabo Delgado também é Moçambique’ arrancou esta semana naquele país africano. Há cerca de dois anos que a província do Norte de Moçambique é alvo de ataques que já provocaram centenas de mortes, e que, ao mesmo tempo, causam pobreza, deslocados internos, entre outros problemas. Segundo Cídia Chissungo, responsável pela campanha, a iniciativa visa alertar para falta de atenção dada ao problema, mas não só.

“Já estamos nesta campanha desde novembro/dezembro de 2018, e realizámos várias atividades. Nesta quarta fase, temos três grandes objetivos. O primeiro é continuar a promover a solidariedade. Fazer com que os moçambicanos falem sobre este assunto como algo que merece a atenção de todos. Mais do que falar, que também possam contribuir para apoiar as vítimas. O segundo objetivo é ter uma plataforma que permita que façam as suas contribuições e que tenham a certeza de que os donativos chegarão às pessoas [que precisam]. Para termos uma ideia, Maputo e todas as outras províncias deverão recolher valores, mas apenas Nampula e Cabo Delgado farão a recolha em forma de materiais, produtos e outros tipos de alimentos. Será assim por causa da disponibilidade de transportes”, explica Cídia Chissungo.

O terceiro objetivo da campanha passa por “atrair a solidariedade” internacional. “Isso porque nós não somos o primeiro país que está a ser vítima de ataques terroristas. Há outros, como a Nigéria (já há alguns anos). Nós queremos aprender com estes países como eles têm apoiado as vítimas e como têm feito ações de prevenção à violência. Sobretudo, tendo-se em conta que o maior número de pessoas que agora está a radicalizar-se se refere aos jovens. Por isso, precisamos de nos prevenir para ter alguma certeza de que isso não chegue, em grandes proporções, a outras províncias, como é o caso de Nampula. Embora já haja sinais de recrutamento de pessoas lá. E também queremos chamar atenção de outros países para que não ignorem os sinais de conflitos que nós tivemos”, refere a responsável pela campanha.

A campanha está já presente nas redes sociais, e, segundo Cídia Chissungo a reação dos moçambicanos está a ser “muito positiva”, de modo particular por parte dos de jovens moçambicanos do país e da diáspora, de estudantes da China, Japão, Estados Unidos da América, França, e de “vários artistas”. “Enviámos layouts para as pessoas fazerem as t-shirts. Hoje, estas pessoas estão a mostrar maior interesse, a pedir. Querem fazer parte da campanha. Estamos a ver com bons olhos. As pessoas estão a receber muito bem”, destaca a responsável. “Estamos a tentar mudar a realidade através de pequenas ações. Pequenas, não. Na verdade, já são grandes ações”, disse Cídia Chissungo, em declarações ao portal ‘DW África’.