O acordo migratório entre os Estados Unidos da América (EUA) e a Guatemala para que os requerentes de asilo sejam enviados para o país da América Central enquanto se processa o seu pedido, foi ‘desenhado’ de tal forma que induz as pessoas a desistirem do pedido, denunciaram esta semana as organizações não governamentais Refugees Internacional e Human Right Watch.

Com base em entrevistas a três dezenas de requerentes de asilo submetidos a este processo, na recolha de informação sobre as pessoas que atendem os refugiados e nos dados oficiais dos dois países, as organizações concluíram que o Acordo de Cooperação Migratória “foi implementado de uma forma que obriga as pessoas transferidas a abandonar o seu requerimento” de asilo.

Depois de um aumento das detenções de migrantes na fronteira sul dos EUA em 2018 e inícios de 2019, a administração de Donal Trump quis reagir ao que considerou tratar-se de uma “invasão” e obrigou a Guatemala, El Salvador e Honduras a reformular os acordos migratórios. O pacto com a Guatemala permite aos EUA enviarem os requerentes de asilo de países terceiros para ali aguardarem enquanto são analisados os seus processos.

Já na Guatemala, os migrantes são informados que que têm 72 horas para decidir se querem permanecer no país, regressar aos seus locais de origem ou tentar refúgio noutro local, o que acaba por fazê-los desistir dos pedidos de asilo, denunciaram as duas organizações.