António Marto, cardeal e bispo na diocese de Leiria-Fátima, presidiu em Fátima à celebração do Domingo de Ramos que marca o início da Semana Santa, considerada pelos cristãos como a “semana maior de todo o ano litúrgico”. A Eucaristia teve lugar na manhã do último domingo, 5 de abril, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, sem a presença de assembleia, devido à atual pandemia.

“Aquilo que nenhuma guerra mundial ou civil conseguiu em todo o mundo católico, consegue-o um vírus invisível e silencioso”, referiu o purpurado, aludindo ao facto de este este ano as celebrações da Semana Santa decorrerem à porta fechada. No entanto, o cardeal acredita que as atuais condições podem contribuir para “entrar mais no mistério da Páscoa de Cristo e a compreender melhor e mais profundamente alguns aspetos da sua paixão e ressurreição”.

António Marto afirmou que mesmo nos momentos mais difíceis, os cristãos não se encontram “sós”, uma vez que Cristo se faz “companheiro de todo o homem sofredor e oprimido”, confortando os seus seguidores no “meio das tribulações”, e pedindo que se reconheça “a sua presença nos irmãos, sobretudo nos sofredores e nos pobres”.

“Também nós, hoje, vivemos todos como Jesus no Horto das Oliveiras, porque a nossa alma está triste e devemos vigiar porque os tempos são difíceis como hão-de ser difíceis os tempos que se avizinham”, disse o cardeal, deixando um apelo: “É hora de velarmos uns pelos outros, é hora da solidariedade! Ninguém se salva sozinho, como nos lembra o Papa Francisco”.

Segundo o cardeal, citado pelos serviços de comunicação do templo mariano, nas “chagas de quem sofre” é possível tocar as “chagas de Cristo, em particular nas chagas dos que hoje sofrem o flagelo da enfermidade do coronavírus ou a morte de um ser querido, sem ter a possibilidade de se despedir”. “Cristo em agonia pede que os acompanhemos com compaixão e solidariedade, e apoiemos também os que cuidam deles com amor e generosidade”, disse o prelado, fazendo alusão ao início do Salmo 22, onde se pode ler – “Meu Deus, meu Deus porque me abandonaste?”.

“Este salmo é uma oração que exprime desolação, mas também esperança e termina com a confiança na vitória final de Deus cujo amor se mostra mais forte que o mal e a morte, que faz surgir vida nova no meio da provação”, lembrou o purpurado. Para o cardeal, esta passagem “transmite uma palavra de alento aos abatidos, uma mensagem de esperança a todos os que estão na angústia e na dor, que se sentem envolvidos nas trevas que cobrem toda a terra”. António Marto acredita que neste momento “todos” necessitam de uma “palavra de alento” que seja capaz de ser uma fonte de ânimo “no meio de tanta enfermidade, dor e morte” e torne todos os cristãos “solidários e confiantes”.

O programa das celebrações da Semana Santa e Tríduo Pascal do Santuário de Fátima pode ser consultado online. As cerimónias poderão ser acompanhadas através do website do santuário, do seu canal no Youtube, na sua página na rede social Facebook, no Sapo, no Meo Kanal 707070 e na TV Canção Nova.