Um relatório divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) alerta para os riscos que a pandemia de Covid-19 pode levar à República Democrática do Congo (RDC), uma vez que o país luta ainda contra as epidemias de sarampo e cólera e regista elevados índices de mortalidade devido à malária.

Desde o início de 2019, a maior epidemia de sarampo do mundo matou mais de 5,3 mil crianças com menos de cinco anos no país, e existem cerca de 31 mil casos de cólera, numa altura em que os esforços para conter o recente surto de ébola desviaram a atenção e recursos das unidades de saúde já enfraquecidas.

Como nas últimas semanas os casos de Covid-19 têm vindo a aumentar rapidamente, os responsáveis do UNICEF antecipam tempos de grandes dificuldades para a RDC, onde os equipamentos, profissionais e fundos estão em falta em centros públicos de saúde, muitas instalações ainda não têm água potável e saneamento e as taxas de imunização, que já eram baixas, caíram de forma acentuada em algumas províncias.

«Se os serviços de saúde não tiverem meios para fornecer imunização, nutrição e outros serviços essenciais, inclusive em áreas remotas, existe o risco de ver a vida e o futuro de muitas crianças congolesas destruídas por doenças evitáveis», avisa o representante da agência da ONU, Edouard Beigbeder, sublinhando que «fortalecer o sistema de saúde básico é absolutamente vital».