Foto M.H

O encerramento de um centro de dia em Câmara de Lobos, como medida de contenção da Covid-19, devolveu muitos idosos às suas habitações. Os acólitos da região encontram-se agora a fazer as compras para esta franja da população, mais vulnerável à pandemia

Os elementos do grupo de acólitos da paróquia de Santa Cecília, em Câmara de Lobos (Funchal), estão a ajudar os mais velhos, comprando-lhes aquilo de que necessitam, no supermercado ou na farmácia. O objetivo é evitar que os idosos possam ter um eventual contacto com a Covid-19.

Esta ideia nasceu do responsável pelo grupo de acólitos, que colabora no Centro Comunitário de Santa Cecília. «A iniciativa nasce de alguém que esteve sempre no terreno e conhece as pessoas. O centro de dia não está a funcionar, as pessoas estão nas suas casas e há que as ajudar. São pessoas idosas que não têm possibilidade de se deslocar ao supermercado e às farmácias e ter acesso aos medicamentos essenciais», explicou Duarte Gomes, pároco local, em declarações à agência Ecclesia.

De acordo com o sacerdote, esta iniciativa beneficia muitos idosos que antes frequentavam o centro de dia, e que «não têm familiares por perto ou vizinhos disponíveis». O grupo de acólitos madeirense conta com cerca de 100 elementos, que ficaram muito felizes por poder dar este contributo à população mais fragilizada. «Eles ficaram entusiasmados e aceitaram como se fosse um desafio. Não são todos, porque o grupo tem desde crianças a jovens adultos, e só os mais velhos, e que queiram aderir, estão convocados», destaca o padre Duarte.

A ação conta com o apoio de uma carrinha do centro comunitário, para poder transportar as compras até aos mais velhos. «Este é um serviço próprio de um grupo de acólitos, mas sobretudo dos jovens. Eles têm esta maravilha que é ter um coração generoso e são muito sensíveis às questões da justiça e bem dos outros», destaca o pároco.

Numa altura em que a população deve viver com distanciamento social, o padre Duarte Gomes refere que as redes sociais e alguns telefonemas têm reduzido a distância. Até ao pároco têm chegado pedidos de ajuda. «Reze por nós, reze por mim e pela minha família, é o que mais ouço nestes contactos. Não é ajuda material que me pedem, mas é este sentido que precisam», conta o sacerdote. Perante estes apelos que lhe estão a chegar, o religioso decidiu renovar a sua disponibilidade para «conversar um pouco», visto que sente que essa é também a missão do sacerdote – «estar disponível para ouvir».