Numa aposta para assegurar a sustentabilidade dos seu programa de tratamento com antiretrovirais em Moçambique, os Médicos Sem Fronteiras estão a preparar agentes para entregar o programa ao governo.
Numa aposta para assegurar a sustentabilidade dos seu programa de tratamento com antiretrovirais em Moçambique, os Médicos Sem Fronteiras estão a preparar agentes para entregar o programa ao governo. O objectivo dos Médicos Sem Fronteiras (MSF) é que o governo e a comunidade local se responsabilizem pelo funcionamento do centro em Lichinga, no norte da província do Niassa, onde são tratados 370 pacientes, até 2008. Na África do Sul, os MSF também estão a treinar agentes locais para que assumam os programas de tratamento da sida com antiretrovirais.
“O nosso papel não é substituir o governo, assumindo as suas responsabilidades para com os cidadãos”, disse Patrick Wieland, coordenados dos MSF em Maputo. Não sendo uma agência de desenvolvimento, os MSF não pretendem permanecer em Moçambique. “O assunto foi discutido em Lichinga na semana passada e as pessoas compreenderam que não podemos substituir o ministério da saúde”, disse Wieland.
O programa dos MSF em Maputo, que trata cerca de quatro mil pacientes, vai demorar mais tempo a ser absorvido pelo sector público da saúde. Cerca de 17 mil moçambicanos estão a ser tratados com antiretrovirais, porém, uns 200 mil precisam do tratamento, e a taxa de incidência do ví­rus da Imunodeficiência Humana (VIH) ultrapassa os 16 porcento. Wieland disse que os MSF atingiram o seu objectivo. “Provámos que um certo modelo de tratamento antiretroviral pode resultar em ambientes pobres, usando pessoal sem formação médica e envolvendo a comunidade”.
Há medo quanto à eficácia dos serviços públicos devido à burocracia e à falta de preparação. Os MSF frisaram que só vão entregar os programas a uma entidade competente e não vão deixar as pessoas sem o tratamento para a manutenção da vida. “Entendemos os medos, mas estamos a preparar pessoas a nível local de modo cuidadoso”, explicou Wieland. a preparação é teórica e prática. “Os MSF nunca vão retirar-se e deixar as pessoas sem tratamento: isso seria ética e medicamente inaceitável”, acrescentou James Lorenz, porta-voz para a imprensa dos MSF na África do Sul.