2005 voltou a revelar-se ano de partidas inesperadas para o paraíso: primeiro o nosso seminarista, David, a 6 de Janeiro; ontem, 18 de Dezembro, deixou-nos o nosso caro padre Joseph Otieno.
2005 voltou a revelar-se ano de partidas inesperadas para o paraíso: primeiro o nosso seminarista, David, a 6 de Janeiro; ontem, 18 de Dezembro, deixou-nos o nosso caro padre Joseph Otieno. ainda num estado de incredulidade, escrevo-vos estas tristes linhas para vos comunicar que um nosso irmão missionário partiu ontem para a casa do Pai. Partiu de forma inesperada, enquanto fazia algo por que era apaixonado: participava numa meia maratona de beneficência, inserido num grupo de estrangeiros. Treinavam todos os sábados e, como tal, fomos apanhados de surpresa pela notícia da sua morte. Estamos, como é óbvio, ainda em estado de choque. Todas as mortes são dolorosas, mas quando são repentinas são, a meu ver, ainda mais dolorosas.
O padre Joseph era queniano e tinha chegado à Coreia em Março de 2002, após uns meses de estudo do italiano. Tinha sido ordenado a 14 de Outubro de 2001 e desde a sua chegada à Coreia revelou-se sempre um jovem apaixonado pela missão. Fazia parte do primeiro grupo de missionários da Consolata africanos a virem trabalhar na Ásia. após as iniciais tribulações com a língua, comuns a todos nós, adaptou-se sem problemas a esta nova e difícil realidade missionária. Mostrou-se sempre disponível para o que quer que fosse e era dono de uma simplicidade, de um Espírito de generosidade e de uma fé inigualáveis. a sua serenidade era uma das características mais tí­picas. Não me lembro de uma única vez em que se tivesse mostrado agitado ou enervado. amava este povo e estava sempre disposto a fazer o que lhe fosse pedido.
Ultimamente, o padre Joseph estava a trabalhar na nossa comunidade de Kuryong, uma comunidade de inserção numa realidade de pobreza urbana. Em palavras mais simples, na comunidade que temos num bairro de lata da capital Seúl. ajudava numa paróquia aos fins-de-semana e era estimado por todos. Prova desta estima são as pequenas multidões de fiéis, amigos e benfeitores que desde esta tarde se tem deslocado ao hospital da Sagrada família para se despedirem dele, prestando-lhe uma última homenagem.
a missa de funeral será esta quarta-feira, 21; não sabemos, porém, se será de corpo presente ou não. ainda nos falta receber a autorização das autoridades quenianas para que o corpo possa ser enterrado aqui na Coreia, no cemitério que a nossa diocese tem reservado aos sacerdotes.
Peco-vos uma oração por este nosso irmão e… pedi também ao Senhor que mande alguém para o substituir. ” a messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. ”
Despeço-me com um abraço amigo e fraterno.
Álvaro Pacheco, missionário da Consolata