O documento publicado esta terça-feira pela Santa Sé sobre a admissão de homens com tendências homossexuais em seminários e no sacerdócio não contém nada de extraordinário, assegura o cardeal.
O documento publicado esta terça-feira pela Santa Sé sobre a admissão de homens com tendências homossexuais em seminários e no sacerdócio não contém nada de extraordinário, assegura o cardeal. O cardeal Zenon Grocholewski é prefeito da Congregação para a Educação Católica, organismo do Vaticano que redigiu a instrução sobre os “Critérios de discernimento vocacional no que diz respeito às pessoas com tendências homossexuais, em vista à sua admissão ao Seminário e às ordens sacras”.
O texto, aprovado em 31 de agosto por Bento XVI, confirma que não é possível admitir no sacerdócio homens que «pratiquem a homossexualidade, apresentem tendências homossexuais profundamente enraizadas ou sustentem a assim chamada cultura gay».
O documento é assinado pelo cardeal Grocholewski e pelo arcebispo J. Michael Miller, C. S. B. (da Congregação de São Basí­lio).

«Os jornais falaram deste documento como se fosse uma coisa extraordinária –reconheceu o cardeal polaco ao apresentar o texto na «Rádio Vaticano»–. Mas, não é estranho que a nossa congregação publique determinados documentos com respeito à formação sacerdotal, pois já publicámos cerca de vinte documentos depois do Concílio sobre diferentes aspectos da formação nos seminários».
«Houve um documento sobre o celibato, sobre a castidade sacerdotal, falou-se de diferentes impedimentos para o sacerdócio. agora, este documento não tem nada de extraordinário, porque sobre este problema da homossexualidade a Congregação para a Doutrina da Fé já se pronunciou muitas vezes», recorda.
«Neste sector no mundo de hoje há uma certa desorientação –declara–. Muitos defendem que a condição homossexual seria normal da pessoa humana, algo assim como um terceiro género sexual; pelo contrário, isto contradiz absolutamente a antropologia humana; contradiz, segundo o pensamento da Igreja, a lei natural, e o que Deus marcou na natureza humana: a heterossexualidade».
O cardeal Grochholewski explica que a instrução vaticana retoma a diferença apresentada pelo Catecismo da Igreja Católica: «actos homossexuais; e tendências homossexuais».
«Os actos homossexuais são considerados na Sagrada Escritura, tanto no antigo como no Novo Testamento, em São Paulo e depois em toda a Tradição da Igreja como pecados graves, contrários à lei natural. Portanto, estes actos jamais poderão ser aprovados».
«Outra coisa é a inclinação ou as tendências homossexuais profundamente enraizadas –acrescenta–. Esta tendência homossexual está considerada no Catecismo da Igreja Católica como uma inclinação objectivamente desordenada».
«Porquê?», pergunta o cardeal, e responde: «porque uma inclinação como tal não é pecado, mas é uma tendência mais ou menos forte para um comportamento intrinsecamente mau desde o ponto de vista moral».
«Estas pessoas encontram-se, portanto, numa situação de provação, necessitam de compreensão, mas não podem ser discriminadas de maneira alguma. Por parte da Igreja, estão chamadas, como todos, a observar a Lei divina ainda que a alguns custe muito».
Desde este ponto de vista «adoptamos, como princípio, que não podem ser admitidas no seminário nem à ordenação sacerdotal três categorias de pessoas: as que praticam a homossexualidade; as que têm tendências homossexuais profundamente enraizadas; e as que sustentam a chamada cultura gay».
«Com respeito às pessoas que têm tendências homossexuais enraizadas, nós estamos profundamente convencidos de que se trata de um obstáculo para uma correta relação com homens e mulheres, com consequências negativas para o desenvolvimento pastoral da Igreja», indica.
«Evidentemente, se nós falamos de tendências profundamente enraizadas, isto significa que podem também haver tendências transitórias, que não constituem um obstáculo. Mas nestes casos devem ter desaparecido três anos antes da ordenação ao diaconado», indica.
Pelo que se refere aos sacerdotes com tendências homossexuais, o cardeal declara que «estas ordenações sacerdotais são válidas, porque nós não afirmamos sua invalidez».
«Uma pessoa que descubra a própria homossexualidade depois da ordenação sacerdotal deve, obviamente, viver o próprio sacerdócio, deve viver a castidade… Terá, talvez, maior necessidade de ajuda espiritual que outros, mas penso que tem de desenvolver o próprio sacerdócio da melhor maneira possível».
agência Zenit