Comunidades indígenas vão reunir-se em Brasí­lia para reivindicar os seus direitos, em especial o desbloqueio da demarcação das terras, numa altura em que se assiste a um aumento da violência contra os Índios brasileiros
Comunidades indígenas vão reunir-se em Brasí­lia para reivindicar os seus direitos, em especial o desbloqueio da demarcação das terras, numa altura em que se assiste a um aumento da violência contra os Índios brasileirosMilhares de índios, de vários pontos do país, são esperados entre 10 e 13 de maio, em Brasília, no Brasil, para mais um acampamento de protesto integrado na Mobilização Nacional Indígena convocada pela articulação dos Povos Indígenas do Brasil (aPIB). O acampamento Terra Livre, destinado a reivindicar a demarcação das terras ancestrais, realiza-se há 12 anos. Se os nossos povos sempre estiveram mobilizados contra o ataque sistemático aos nossos direitos, por parte de setores do poder económico e nos distintos âmbitos dos poderes do Estado, este é o momento de nos articular e mobilizar em todos os níveis – local, regional e nacional – pela defesa do direito originário às nossas terras e território, assegurados pela Constituição Federal e pelos tratados internacionais assinados pelo Brasil, afirmam os responsáveis da aPIB na convocatória. Temos que mostrar para o país e para o mundo que não vamos permitir a consumação desses ataques, e que a democracia verdadeira só será possível quando os nossos direitos forem plenamente respeitados: o direito à vida, à mãe terra, à dignidade e à condição de povos étnica e culturalmente diferenciados, lê-se ainda no documento. O convite à mobilização surge numa altura em que crescem os casos de violência contra as lideranças indígenas. Segundo informações do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), no último mês registaram-se cinco assassinatos, cinco detenções, dois atentados e pelo menos quatro ataques de pistoleiros a terras indígenas do Mato Grosso do Sul, e vários despejos na Bahia. Os defensores dos direitos indígenas temem que a crescente instabilidade política do país, motivada pela tentativa de deposição da Presidente Dilma Rousseff, possa deixar o Estado ainda mais desatento e inoperante, com efeitos ainda mais devastadores na situação dos povos indígenas.