Missionário salesiano conta, na primeira pessoa, os momentos que se seguiram ao terramoto destruidor na zona costeira do Equador, e a forma como a população tenta recuperar da tragédia
Missionário salesiano conta, na primeira pessoa, os momentos que se seguiram ao terramoto destruidor na zona costeira do Equador, e a forma como a população tenta recuperar da tragédiaTudo se desmoronou. Foi uma questão de minutos e milhares de famílias manabitas ficaram a céu aberto, porque a sua casa desabou ou ficou em más condições. Desde Cojimíes e Pedernales até Manta e Portociejo, na província costeira de Manabí, o desastre foi enorme ao anoitecer do dia 16 de abril. O povo manabita aprendeu a viver os tempos de seca no meio de uma tremenda escassez de água e a enfrentar as épocas de inundações. Mas desta vez tratou-se de algo de novo, porque não foi um simples tremor de terra que tantas vezes se havia sentido, mas um terramoto de magnitude destruidora no que respeita a casas, urbanística, pontes e estradas. O abastecimento de energia elétrica foi o primeiro a colapsar devido à queda dos postes e à explosão dos transformadores. O sistema de água potável sofreu danos nas estações de tratamento e na tubagem, deixando sem água toda a população. O transporte paralisou por causa das fissuras em várias estradas e da queda de algumas pontes. as comunicações foram silenciadas, deixando inúmeros serviços sem possibilidade de funcionar. Neste cenário, sobreviveu a escassez. O clamor agora é por água para consumo humano e para a limpeza em geral. a privação de alimentos também surgiu naturalmente pela falta de mercados e porque os proprietários dos estabelecimentos e armazéns fecharam as suas portas devido à insegurança. Paulatinamente, tem vindo a ser reposta a rede elétrica, a rede de transportes começa a regressar à normalidade graças à reparação de emergência das vias, a água vai-se repartindo em tanques, e há um esforço enorme para a partilha de garrafas de água e de alimentos, fruto do trabalho de centenas de voluntários. No meio da tragédia, o maravilhoso que se pode constatar é a fé e a esperança do povo manabita, que tal como noutros tempos, seguiu em diante, agora com mais força porque se vê animado pelo carinho e a presença solidária de todo o povo equatoriano e de todo o mundo. Dou graças a Deus, que me permitiu chegar, mesmo tendo de andar um bom bocado a pé, até Rocafuerte, um dos municípios afetados pelo terramoto. aí, até o templo centenário está em perigo. Mas este povo tem muito a ensinar-nos em tempos de crise, um tempo que é também de misericórdia.