Os povos do Roraima, Brasil, reuniram-se em assembleia para debater as ameaças aos retrocessos dos direitos indígenas e fortalecer o papel das lideranças na comunidade e no movimento indígena
Os povos do Roraima, Brasil, reuniram-se em assembleia para debater as ameaças aos retrocessos dos direitos indígenas e fortalecer o papel das lideranças na comunidade e no movimento indígenaO Centro Regional Lago Caracaranã, na região da Raposa Serra do Sol, foi o palco escolhido para a 45a assembleia Geral dos Povos Indígenas de Roraima, que contou com representantes das comunidades Macuxi, Wapichana, Taurepang, Ingaricó, Patamona, Ye”kuana, Yanomami, Sapará e Wai-Wai e com os primeiros coordenadores do Conselho Indígena de Roraima (CIR). Em debate estiveram as ameaças aos direitos indígenas já conquistados. Num testemunho emocionado, o primeiro coordenador do antigo Conselho Indígena do Território de Roraima (CINTER) – atual CIR – Terêncio Luiz da Silva (Macuxi), de 69 anos, lembrou o tempo sofrido nas comunidades indígenas, antes da década de 1970, quando estas dependiam das fazendas, sofriam atos violentos, e não tinham uma organização social. E recordou o início de uma caminhada de desafios e conquistas, tendo como principal bandeira de luta a demarcação e homologação das terras indígenas. É preciso que as comunidades caminhem na mesma direção, é preciso diálogo entre as lideranças, para que haja organização e um bem viver unido, aconselhou o líder histórico, apelando a que não se desista da ocupação das terras ancestrais, para garantir o futuro das novas gerações. Temos que ocupar as nossas terras, para não ver o sofrimento das comunidades, disse. Por sua vez, Francinete Fernandes Garcia (Macuxi), coordenadora regional do Surumu do Movimento de Mulheres Indígenas, destacou o papel da mulher no movimento indígena, sobretudo no combate à venda e consumo de bebidas alcoólicas nas comunidades índias, e reafirmou que o papel das lideranças é representar o seu povo com compromisso. No encontro, que se estendeu por quatro dias, os grupos de trabalho discutiram ainda três temas estratégicos: gestão das terras indígenas, sustentabilidade das comunidades e do CIR e enfrentamento de problemas internos e externos das comunidades indígenas. Participaram na assembleia cerca de dois mil indígenas e representantes da Pastoral Indigenista, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Instituto Socioambiental (ISa), Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e Fundação Nacional do Índio (Funai), entre outras instituições.