Missionários no Guiúa, Moçambique, criaram um projeto para alimentar e dar um pouco mais de conforto aos idosos rejeitados pela família. Muitos deles são deficientes ou estão doentes
Missionários no Guiúa, Moçambique, criaram um projeto para alimentar e dar um pouco mais de conforto aos idosos rejeitados pela família. Muitos deles são deficientes ou estão doentesDurante anos construíram escolas primárias, secundárias, centros de saúde, centros de alfabetização e oficinas para ensinar as técnicas de costura, de liderança e de vida comunitária. Mas, no manancial de atividades sociais e pastorais, os missionários da Consolata detetaram uma lacuna: o sofrimento por que passam muitos idosos doentes e abandonados, na missão do Guiúa, uma das mais pequenas da diocese de Inhambane, em Moçambique. Identificado o problema, rapidamente foi elaborado um plano para angariar 20 mil euros e garantir uma vida melhor a pelo menos 150 homens e mulheres de mais idade, durante um ano. Havia pouca preocupação com os mais idosos, que permanecem sozinhos, abandonados e muitas vezes rejeitados pela família. São homens e mulheres que não têm condições para trabalhar e que acabam descartados pela comunidade e condenados à marginalização. O nosso objetivo é proporcionar alívio e conforto nestes irmãos e irmãs, pelo menos no que é essencial na vida quotidiana, explica o padre Sandro Faedi, um dos promotores do projeto. Na área abrangida pela missão do Guiúa, fundada em 1972, habitam cerca de 15 mil pessoas, 3. 500 das quais são católicas. a maioria vive da agricultura de subsistência, devido à aridez do terreno, outras dedicam-se à pesca e outras ainda a explorar a planta de coco. Para contornar a situação de pobreza, os homens arriscam, com frequência, migrar para as grandes cidades ou procurar novas formas de vida na vizinha África do Sul. Quando regressam à terra natal, alguns trazem consigo graves problemas de saúde, que transmitem à família e agravam o problema do abandono, pois, por vezes, os familiares consideram que são a sua fonte de infortúnio e de miséria.com grande parte da população mergulhada na pobreza extrema, os preconceitos e as superstições acabam por potenciar ainda mais a marginalização dos mais velhos, atirando-os para a mais extrema solidão. Ou seja, muitos passam fome de dia e frio à noite, lamenta Sandro Faedi, sublinhando a esperança dos missionários em poderem minimizar o sofrimento dos idosos, assegurando-lhes alimentação, roupa e alguns bens essenciais.