Presidente da Nigéria admite que os fundos públicos destinados à aquisição de armamento foram «desencaminhados para fins individuais», deixando o exército sem condições para neutralizar o movimento extremista
Presidente da Nigéria admite que os fundos públicos destinados à aquisição de armamento foram «desencaminhados para fins individuais», deixando o exército sem condições para neutralizar o movimento extremista Um inquérito ao processo de aquisição de armas na Nigéria, entre o período de 2007 e 2015, revelou que uma boa parte dos quase cinco mil milhões de euros destinados às forças armadas foi usada em transações financeiras fraudulentas e ilícitas, deixando o exército fragilizado na sua capacidade de combater o grupo islâmico Boko Haram, denunciou esta quinta-feira, 19 de novembro, o Presidente nigeriano. Segundo Muhammad Buhari, os crescentes níveis de corrupção prejudicaram os procedimentos para compra de armas e equipamento militar, o que fez com que as tropas governamentais tenham avançado para a frente de combate aos extremistas, no norte do país, sem armamento e munições adequadas.como os fundos públicos foram desencaminhados para fins individuais, o exército ficou sem condições com as quais podia impedir a ocorrência de milhares de mortes, em ataques dos jihadistas, lamentou o governante, citado pelas agências internacionais. Pormenorizando, Buhari, explicou, por exemplo, que dos 513 contratos analisados pelo comité de investigação, 53 eram falsos, tendo o antigo conselheiro de Segurança Nacional, Sambo Dasuki, autorizado avultados pagamentos, mas sem suporte contratual ou explicação sobre os mesmos. Dasuki terá mesmo ratificado contratos fictícios, no valor total de 1,8 mil milhões de euros, para a compra de quatro aviões de combate, 12 helicópteros, bombas e munições, mas este equipamento nunca foi fornecido às forças armadas nigerianos nem consta sequer do inventário militar. Perante estas descobertas, Buhari, que sempre prometeu ser intransigente no combate à corrupção, manifestou-se desapontado com aqueles que, tendo responsabilidades na área da segurança nacional, estiveram mais preocupados em desencaminhar fundos do tesouro público, enquanto milhares de nigerianos eram mortos diariamente pelo Boko Haram.