Milhares de menores que vivem nas ruas de Luanda estão a ser encaminhados para orfanatos, numa operação que é encarada como «uma limpeza» para as comemorações dos 40 anos da independência de angola

Milhares de menores que vivem nas ruas de Luanda estão a ser encaminhados para orfanatos, numa operação que é encarada como «uma limpeza» para as comemorações dos 40 anos da independência de angola
a imprensa internacional tem divulgado nos últimos dias a recolha e encaminhamento para fora da capital angolana de milhares de crianças de rua, uma medida do governo de José Eduardo dos Santos, que é classificada como uma espécie de limpeza da cidade, antes das comemorações da independência. Luanda tem cerca de oito milhões de habitantes. Segundo fontes citadas pela agência Fides, os menores vivem na via pública depois de terem sido abandonados pela família, por questões económicas ou tradições tribais, e estão agora a ser intercetados pela polícia, colocados em autocarros e transportados para orfanatos, numa tentativa de esconder a miséria que ainda de vive na capital. Trata-se de crianças que simplesmente se perderam pelas ruas e vítimas de abusos que fugiram das respetivas famílias, testemunhou o diretor do Centro de acolhimento arnaldo Janssen, uma das instituições que recebeu menores, no âmbito desta operação, que começou em outubro. Neste estabelecimento encontram-se atualmente 110 crianças e adolescentes, com idades entre os sete e os 18 anos. O centro oferece formação profissional, apesar da falta de recursos, mas os utentes têm que fazer turnos para participar das aulas, pois não há espaço suficiente para todos. Para irem do refeitório às salas precisam atravessar um percurso externo cheio de lama e para saciarem a sede são obrigados a encher os seus copos a partir de um recipiente oxidado que contém água da chuva.