«O homem encerra em si mesmo uma predisposição para o bem», realçou o teólogo Pedro Valinho durante o «Seminário sobre Perdão». No mesmo evento, a professora Maria da Conceição azevedo sublinhou que «pedir perdão é reconhecer-se vulnerável»
«O homem encerra em si mesmo uma predisposição para o bem», realçou o teólogo Pedro Valinho durante o «Seminário sobre Perdão». No mesmo evento, a professora Maria da Conceição azevedo sublinhou que «pedir perdão é reconhecer-se vulnerável»O mais originário entre a raça humana é o bem, defendeu o teólogo Pedro Valinho no Seminário sobre Perdão. apesar do mal, apesar das relações violentas, o homem encerra em si mesmo uma predisposição para o bem. E é apenas a partir desse núcleo fundamental na pessoa humana, que ele é capaz de criar algo novo, explicou o orador.

Pedro Valinho indicou os motivos que levam à instabilidade do coração humano: por um lado é dotado de um dinamismo de alienação e egoísmo, sobre o qual se constrói a gramática da possibilidade da violência e do mal. Por outro lado, no coração humano também se dá um outro dinamismo em busca do sentido útil da existência, da plena realização das capacidades humanas, da felicidade, do bem.

Para o teólogo, mesmo se a inclinação para o mal e a disposição para o bem coexistem no homem, é o bem que é originário. É mais originário do que o pecado original, se quiséssemos. O perdão recorre então a este desejo de regeneração de si, a este fundo de bondade presente no homem.

Para demonstrar a sua ideia, o especialista exemplificou: se vos pedisse para me dizerem quais são os vossos sonhos mais profundos sobre a humanidade, tenho a certeza absoluta que não saía nada que nós identificássemos como sendo um mal. Creio que é isto que nos faz perceber que o mais originário é o bem. É este fundo de bondade de que eu falo.

a intervenção do também autor do livro a esperança do perdão teve como tema Perdão enquanto dom e inseriu-se no segundo painel do seminário que contou também com o contributo de Maria da Conceição azevedo, professora na Universidade de Trás-os-Montes e alto Douro (UTaD) que apresentou o Perdão enquanto cuidado.

ao pedir perdão reconheço-me, perante o outro, como a causa de atos que desaprovo. E por isso mesmo, me identifico com as suas consequências. Confundo a minha imagem com esses mesmos atos, disse. Nesse sentido, a docente explicou que se pedir perdão é reconhecer-se vulnerável, então perdoar é vulnerabilizar-se. a vulnerabilidade é, a meu ver, a condição comum em que vítima e ofensor se encontram e é ela que possibilita o perdão, destacou.

as intervenções dos dois professores universitários foram mais um contributo para dar a conhecer aos participantes do Seminário sobre Perdão outras das facetas do ato de perdoar. O evento decorreu no Fórum Cultural de Ermesinde no passado sábado, 7 de novembro.