a Paróquia de Santa Isabel de Majune, no Niassa (Moçambique), celebrou 50 anos de vida. Esta é uma missão singular pela sua história e peripécias que sofreu. Foi fundada por um grande missionário português, o padre José Pequito, já falecido
a Paróquia de Santa Isabel de Majune, no Niassa (Moçambique), celebrou 50 anos de vida. Esta é uma missão singular pela sua história e peripécias que sofreu. Foi fundada por um grande missionário português, o padre José Pequito, já falecido

Os festejos tiveram o seu centro na Eucaristia, celebrada no último domingo pelo bispo de Lichinga, atanásio Canira, e concelebrada por um grupo de missionários. O governo estava presente na pessoa do governador da província do Niassa.

Foi uma ocasião para dar graças a Deus pelo trabalho de evangelização realizado até hoje. Um trabalho iniciado pelos Missionários da Consolata e que se prolongou até 2011, ano em que o Instituto entregou a paróquia à diocese, passando a responsabilidade pastoral para os missionários da Sociedade Missionária da Coreia.

a representar os Missionários da Consolata estavam o padre José Torres Neves, antigo pároco, e os sacerdotes William Kiowi e Justus adeka de Cuamba. Os fiéis também acorreram em bom número, alguns vindos de longe.

a Paróquia de Santa Isabel está sediada na vila de Majune, outrora chamada Nova Esperança. a missão foi criada por provisão de Eurico Dias Nogueira, primeiro bispo de Lichinga (antiga Vila Cabral), a 20 de agosto de 1965, com território desmembrado da Missão de Massangulo.

O fundador da missão foi o padre José Lopes Pequito, missionário da Consolata português, já falecido. Era um homem simples, de grande simpatia e amabilidade, amigo de todos. Iniciou praticamente do nada. Os católicos eram muito poucos, pois a população é na sua maioria islamizada. Procurou desde o início manter boas relações de amizade com os chefes muçulmanos.

Começou a preparar o terreno para construir os urbanística da missão, fabricando os tijolos nas margens do rio Malanga. Entretanto empenhou-se em dar início a uma escola que funcionava ainda sob a sombra das mangueiras. a construção do primeiro edifício teve a ajuda dos alunos da escola. Concluída a primeira construção, esta servia de capela, de sala de aula, e de residência do missionário. a pouco e pouco nasceram no território da missão as primeiras escolas-capelas com monitores-catequistas nos povoados. Os primeiros batismos foram administrados no 24 de julho de 1966 pelo padre Pequito e os primeiros crismas foram administrados em 2l de novembro de 1967 por Eurico Dias Nogueira. O trabalho de evangelização e escolarização foi dando os seus frutos. a partir de 1967 iniciaram-se os ataques da FRELIMO e os combates com a tropa portuguesa em toda a área da missão. Graças ao bom trabalho do padre Pequito, a missão tornou-se o centro de equilíbrio de toda a zona. abriu escolas nos aldeamentos e fez chegar a assistência médica aos mais necessitados. O trabalho pastoral também dava frutos, com um número consolador de catecúmenos e batizados, especialmente entre os alunos das escolas. Em julho de 1970, o padre Pequito foi destinado a Portugal, sendo substituído, num primeiro momento, pelo padre Eugénio Menegon, e a partir de 1971 pelos padres Salvador Forner e Guerrino Prandelli. Notável o trabalho realizado por estes dois missionários a favor da educação da juventude e dos doentes, sobretudo dos leprosos.

a Missão de Majune passou a ser a missão mais isolada do Niassa por causa da guerra devido, sobretudo, às minas colocadas nas estradas. Viajar era extremamente perigoso. Mas, os missionários não se renderam ao medo e por isso decidiram ficar e sofrer com o povo. O padre Guerrino Prandelli encontrou a morte quando o carro em que viajava, entre Belém e Majune, fez rebentar uma mina, a 17 de outubro de 1972. Estava consciente do perigo mas decidira igualmente fazer a viagem para providenciar de mantimentos a missão onde a fome se fazia sentir.

Depois da independência nacional vieram as nacionalizações. Os missionários, padre José de Jesus Barros e Severino Bordignon, acomodaram-se à nova situação de provisoriedade. Tiveram que construir a sua residência fora da missão e até o templo do Senhor teve de ser deslocado. Em 1978 os missionários foram obrigados a deixar Majune e retirar-se para Lichinga. Em plena guerra civil, no meio de muitos perigos, os missionários davam assistência espiritual e material a Majune. a partir de 1988, o padre Fernando da Rocha Martins, de Lichinga, assiste Majune. Encontra nos animadores valorosos colaboradores.
Depois de 1992, as estruturas da missão, em muito mau estado de conservação, são restituídas à Igreja. O padre Rocha começa o trabalho de reconstrução dos urbanística e a construção de novos urbanística. Um grande trabalho é feito no sector da educação e da saúde com a abertura de escolinhas, escola primárias e escola secundária e também na saúde, com a abertura de pequenos postos de saúde nas aldeias. De 1995 a 2006 trabalham na Missão de Majune as Irmãs Capuchinhas. Os últimos missionários da Consolata a trabalhar em Majune foram os padres José Tores Neves, Félix Odongo e o irmão ayres Osmarin.
Todos os missionários da Consolata que trabalharam na Missão de Majune foram recordados na Missa de ação de Graças por ocasião da celebração dos 50 anos da missão.com uma superfície de 6. 800 km2, atualmente o distrito de Majune conta com uma população de 44. 720 habitantes, dos quais 5. 300 são católicos.