Paróquias da diocese de Lichinga, Moçambique, mobilizam-se para agradecer o dom de santidade de Irene Stefani, no local onde, por sua intercessão, operou o milagre da multiplicação da água
Paróquias da diocese de Lichinga, Moçambique, mobilizam-se para agradecer o dom de santidade de Irene Stefani, no local onde, por sua intercessão, operou o milagre da multiplicação da água a pacata vila de Nipepe, no extremo sudeste do Niassa, teve neste fim de semana um movimento pouco habitual. algumas centenas de peregrinos das diferentes paróquias da diocese de Lichinga, juntamente com um grupo de missionários e missionárias da Consolata, sacerdotes diocesanos e religiosos dirigiram-se no sábado, 27 de junho, para a paróquia de São João de Brito. O objetivo era agradecer a Deus o dom da santidade da irmã Irene Stefani, proclamada beata no dia 23 de maio, no lugar onde, por sua intercessão, operou o milagre da multiplicação da água e a proteção dada aos catequistas e seus familiares num momento de grave perigo. as celebrações litúrgicas começaram no sábado à tarde com a procissão com a imagem de Nossa Senhora da Consolata, do centro da vila até à igreja paroquial. Seguiu-se a Eucaristia e uma vigília de oração. No domingo, 28, o número dos fiéis aumentou em grande número, afluindo das comunidades cristãs da paróquia de Nipepe. a Eucaristia, celebrada ao ar livre, em frente à igreja paroquial, foi presidida pelo bispo de Lichinga, atanásio amisse Canira, e concelebrada por Inácio Saúre, bispo de Tete, e por 30 sacerdotes. Estavam presentes também delegações do governo distrital e provincial, autoridades tradicionais, representantes de outras igrejas e dos muçulmanos. a celebração começou com a apresentação feita pelo padre Giuseppe Frizzi, sobre os factos acontecidos e o fenómeno sobrenatural da multiplicação da água no centro catequético para formação de famílias de catequistas. Enquanto celebravam a Missa, a vila foi atacada. Na igreja refugiaram-se algumas pessoas da aldeia, incluindo muçulmanos. Ficaram sitiados, entre 10 e 13 de janeiro de 1989. Perante o perigo e suplicando proteção, o padre Frizzi, com um grupo de catequistas, celebrou o sacrifício tradicional – Makeya – invocando a ajuda da irmã Irene Stefani, da qual estava lendo uma biografia. as dezenas de pessoas fechadas na igreja durante o ataque nada sofreram, apesar das balas e obuses passarem muito próximo dos muros da igreja. Não tinham reserva de água e era o período mais quente do ano. E a água, inesperada e inexplicavelmente, foi suficiente para matar a sede de todos os refugiados que estavam na igreja. Os presentes repetiam mais tarde o testemunho: por intercessão da irmã Irene, fomos salvos. a respeito deste acontecimento foi baseada a investigação diocesana nos anos 2010 e 2011, ratificada pela Congregação para a Causa dos Santos. O decreto com a aprovação do Papa Francisco, foi publicado a 12 de junho de 2014. Foi tomado em consideração para a beatificação o milagre atribuído à intercessão da Serva de Deus Irene Stefani. Testemunhos comoventesNa homilia, feita por Inácio Saure, foram destacadas as qualidades humanas, religiosas e missionárias da beata. No final da celebração, foram apresentados os catequistas, ainda vivos, que estavam em formação em Nipepe e que foram vítimas do ataque, muitos deles sequestrados e levados pelos guerrilheiros para a base, e testemunhas do milagre da multiplicação da água e da proteção recebida durante aqueles dias de grande perigo e risco de vida. No grupo estava a jovem Irene, a criança que nasceu dentro da igreja de Nipepe durante o sequestro e foi lavada com a água da pia batismal. Foi um momento comovente, mas também de explosão de alegria e agradecimento, bem expresso com as danças e os cânticos da assembleia. antes da bênção final, o bispo de Lichinga agradeceu o trabalho de evangelização e promoção humana realizado pelos missionários e missionárias da Consolata no Niassa. Reafirmou que a diocese de Lichinga continua a precisar da sua colaboração no trabalho de consolidação da Igreja local: a planta por vós plantada precisa ainda da vossa ajuda para crescer! Por fim, declarou a igreja de Nipepe como lugar de peregrinação para a celebração da memória litúrgica de Irene Stefani, cuja data é o dia 31 de outubro. a Missão de São João de Brito de Nipepe foi fundada pelos Missionários da Consolata no dia 4 de fevereiro de 1967, com território desmembrado da Missão de São Francisco Xavier de Maiaca. Foi fundador e primeiro superior da Missão de Nipepe o Padre Mário Filippi. Em 1998 a paróquia foi entregue à cura pastoral da diocese de Lichinga.