Comissão de peritos nomeada para investigar o pessoal das missões internacionais suspeito de abuso e exploração sexual defende que «a imunidade nunca deve admitir a impunidade»
Comissão de peritos nomeada para investigar o pessoal das missões internacionais suspeito de abuso e exploração sexual defende que «a imunidade nunca deve admitir a impunidade» O presidente da comissão criada para rever as operações de paz das Nações Unidas, José Ramos-Horta, promete uma política de tolerância zero na investigação dos soldados suspeitos de abuso e exploração sexual, no âmbito das missões internacionais ao serviço da ONU. Se alguém comete uma atrocidade, não deve ter qualquer tipo de proteção (… ) não se pode proteger sob o telhado da ONU, afirmou o antigo Presidente da República de Timor-Leste e prémio Nobel da Paz, exigindo que a própria organização coopere com os investigadores, para que os suspeitos sejam investigados e processados como qualquer outra pessoa. Num relatório entregue ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, na terça-feira, 16 de junho, a comissão propôs que não sejam aceites sob a bandeira das Nações Unidas tropas de países assinalados em documentos da organização sobre violência contra crianças e de tipo sexual em conflitos armados. as declarações de Ramos-Horta surgem depois de a ONU ter publicado um relatório, no qual é destacada a cultura de impunidade existente perante abusos cometidos por pessoal das missões de paz. O documento indica, entre outros casos, que efetivos da ONU mantiveram relações sexuais com mais de 225 mulheres no Haiti em troca de medicamentos ou alimentos. as situações repetiram-se em países como a Libéria e o Sudão do Sul. Os dados sobre estes casos, anteriormente denunciados, juntam-se às denúncias recentes de abusos sexuais cometidos por tropas internacionais na República Centro-africana entre 2013 e 2014. as denúncias referem-se a efetivos militares franceses que não atuavam sob bandeira da ONU, mas também a tropas de vários países africanos que integravam o contingente dos capacetes azuis, o que levou a organização a criar uma comissão de investigação, refere a agência Lusa.